Já ouviste falar em Dresden? Se és aficionado pela Segunda Guerra Mundial, esta é uma cidade que não te é indiferente. Mas se as aulas de história são apenas uma memória distante, o mais provável é que este nome não te diga absolutamente nada. No entanto, para melhor se perceber Dresden, temos de conhecer um pouco da sua história.
Dresden foi um importante centro cultural durante o século XIX e início do século XX. Escolhida como residência dos reis da Saxónia, esta cidade banhada pelo rio Elba era um respeitável pólo artístico. Assim se foi mantendo, rica em cultura, ao longo dos anos. Até que um bombardeamento a deixou quase completamente destruída no final da Segunda Guerra Mundial, onde morreram cerca de 25 000 pessoas. O ataque, por parte dos Aliados, foi visto por alguns como desnecessário: a guerra estava no fim e Dresden era uma cidade erudita, com pouca ou nenhuma importância militar. Também conhecida como Florença do Elba, Dresden voltou a erguer-se, conseguiu reconstruir-se, manteve as suas tradições, e reafirmou-se como centro cultural e artístico, sendo hoje uma das cidades mais interessantes que conheci.
Tive a oportunidade de ir a Dresden no inverno, tendo sido de lá que dei as boas-vindas a 2017. É certo que há muito mais a visitar na cidade, mas escolhi os 8 locais que mais gostei de conhecer (sem ordem de preferência). Vamos a isso?
1. Frauenkirche
A Frauenkirche (Igreja de Nossa Senhora) é um dos símbolos de Dresden. Esta igreja luterana encontra-se bem no centro histórico da cidade, mas a Frauenkirche original foi destruída no bombardeamento de 1945, numa altura em que teria perto de 200 anos.
No final da guerra, o que restou da igreja foi mantido. As pedras que resistiram foram numeradas e empilhadas no centro da cidade, e ali ficaram durante todo o tempo em que a Alemanha esteve dividida e Dresden fazia parte da República Democrática Alemã (controlada pelos soviéticos). A ideia inicial era que se construísse um parque no local onde se encontrava a igreja, mas o projecto acabou por ser cancelado devido a apelos populares.
Após a reunificação da Alemanha em 1989, um grupo de pessoas juntou-se para promover a reconstrução da igreja. As pedras originais que resistiram em condições foram utilizadas na reconstrução: são as pedras a preto. As outras, mais claras, são pedras novas. Os trabalhos de reconstrução iniciaram-se em 1992 e terminaram em 2005, bem a tempo para as comemorações dos 800 anos da cidade, que se iriam realizar em 2006.
2. Fürstenzug
O Fürstenzug (Procissão dos Príncipes) é um grande mural que representa os diferentes monarcas da Saxónia. Foi pintado entre 1871 e 1876, mas a pintura acabou por ser substituída por porcelana no início do século XX, para que a obra pudesse resistir melhor ao passar dos anos. Hoje, é o maior mural de porcelana do mundo, tendo 102 metros de comprimento.
O mural retrata 35 marqueses da Saxónia, príncipes-eleitores, duques e reis, todos pertencentes à dinastia Wettin, cujo reinado durou mais de 800 anos. Também estão representados 59 cientistas, artesãos e agricultores. Felizmente, o bombardeamento de 1945 apenas causou danos mínimos ao mural.
3. Brühlsche terrasse
O Brühlsche terrasse (terraço de Brühl) foi inicialmente construído como parte das muralhas que serviam para proteger a cidade. No século XVIII, o conde Heinrich von Brühl transformou as muralhas num jardim com terraço para o seu palácio. Johann Wolfgang von Goethe chamou-lhe Varanda da Europa, nome pelo qual ainda é conhecido.
Hoje em dia, neste espaço pode-se caminhar enquanto se contempla o rio Elba e se admiram os edifícios históricos que por ali se encontram, como o Lipsiusbau e a sua cúpula de vidro, também conhecida como espremedor de limões devido à sua forma.
4. Residenzschloss
O Residenzschloss ou Dresdner Schloss (Palácio Real ou Castelo de Dresden, respectivamente) foi, durante muitos anos, a residência dos príncipes-eleitores e dos reis da dinastia Wettin. Destruído no bombardeamento de 1945, este espaço soube-se reinventar. Hoje em dia chama-se Residenz der Kunst und Wissenschaft (Palácio das Artes e Ciências), embora seja mais conhecido pelo nome antigo.
Funcionando como museu, as suas salas – incrivelmente bonitas – foram restauradas de forma a ficarem o mais próximo possível do original. Há diferentes espaços para visitar, cada um mais brilhante do que o anterior. Infelizmente, não me foi possível tirar fotografias ao interior do palácio, mas muitas das salas fizeram-me lembrar os museus que vi em São Petersburgo.
5. Zwinger
O Zwinger é um palácio barroco que foi mandado construir no início do século XVIII. Os seus jardins serviram como laranjal e galeria da exposições, assim como de palco para festivais para a corte. Hoje, o Zwinger é um complexo de museus que contém uma colecção de porcelana de Dresden e o gabinete real de instrumentos matemáticos e físicos.
Eu, no entanto, só conheci o exterior dos edifícios e os jardins. E não precisei de ver mais nada. No verão, a água a dançar nas fontes deve dar um toque ainda mais especial a este espaço.
6. Sächsische Staatoper
A Sächsische Staatoper ou Semperoper (Ópera Estatal de Dresden) não teve uma vida fácil. Construída em 1841, foi destruída por um incêndio em 1869. Os trabalhos de reconstrução terminaram em 1878, e manteve-se firme durante uns bons anos. Mas foi novamente destruída nos bombardeamentos de 1945… Voltou a erguer-se e, 40 anos depois, foi reinaugurada. Desta vez para ficar.
Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, muitas estreias de obras de Richard Strauss foram ali realizadas. Antes disso, também Carl Maria von Weber e Richard Wagner estrearam lá algumas das suas peças. Hoje, é possível assistir a uma ópera, ou simplesmente fazer uma visita guiada (foi o que eu fiz).
7. Großer Garten
O Großer Garten (Grande Jardim) é um parque com uma forma rectangular, onde os seus caminhos e avenidas estão arranjados de forma simétrica. O Sommerpalais (Palácio de Verão) encontra-se no centro do parque, e é aqui dentro que se situa o Jardim Zoológico de Dresden. Há ainda um pequeno comboio que percorre o parque.
Este é um excelente espaço para andar de bicicleta, fazer um piquenique, ou simplesmente relaxar um pouco.
8. Kunsthofpassage
A Kunsthofpassage é nada mais nada menos do que um conjunto de pequenos pátios, não visíveis a partir da rua. Mas o que têm esses pátios de especial? A arte que por lá mora. Um grupo de artistas redesenhou algumas fachadas dos prédios, e as soluções foram bem originais. São 5 pátios no total, e cada um tem um tema específico: temos o pátio da criatura mítica, o pátio dos elementos, o pátio da luz, o pátio dos animais, e o pátio da metamorfose.
Guia prático
Como chegar
Não existem voos directos entre Portugal e Dresden, tendo sempre de haver conexão numa outra cidade alemã, como Frankfurt ou Munique. Outra opção é ir de avião até Berlim e depois apanhar um autocarro ou um comboio. Os autocarros costumam ser mais baratos, mas demoram um pouco mais tempo do que os comboios. Vê os diferentes horários e preços dos comboios no site da Deutsche Bahn. Para os autocarros, há várias companhias que fazem este trajecto. Podes utilizar o site Rome2Rio para ver as diferentes opões.
Mapa
Alojamento
O Hilton Dresden é capaz de ser o alojamento que está melhor localizado para quem procura uma visita mais cultural, mas não é para todas as carteiras. Para quem quer um ambiente mais alternativo e com uma vida nocturna agitada, a melhor zona para ficar é Neustadt. Esta zona tem alguns hostels baratos, como o Hostel Lollis Homestay Dresden.
Que fotografias lindas, Catarina! E excelente sítios que aconselhas. Aconselho todos também, sobretudo o Großer Garten (“meu” jardim mais lindo! Perfeito para corridas e passeios longos).
Depois de ter vivido um par de meses e ter ido tantas vezes a Dresden, só posso dizer que concordo contigo quando dizes que é “uma das cidades mais interessantes que conheci”.
Leitores do Mundo Indefinido, Dresden fica a umas horas de Praga e de Berlim: não deixem mesmo de passar por lá e vejam estes oito sítios que a Catarina vos aconselha. Vai valer a pena! 😉
Abraço!
Obrigada Krystel! As tuas dicas foram importantes para me ajudar a decidir o que visitar em Dresden, como a procura pela Kunsthofpassage 😉 Espero que mais pessoas ponham Dresden na sua lista de locais a visitar, é mesmo uma cidade interessante!
Segue a confissão: nunca fui à Alemanha! Uma tristeza, mas ainda não calhou. É provável que seja este ano, mas ainda não sei a que cidade. Ando em negociações com o meu companheiro de aventuras, haha! Dresden é uma das opções. No fundo é esperar por novas promoções das companhias low cost e ver onde vai parar o avião mais barato. Como não é a viagem principal deste ano, tem de ser mais económica. As sugestões que dás aqui são óptimas, fiquei particularmente curiosa com os pátios! São tão giros! E o Zwinger parece lindíssimo.
Já estive em várias cidades da Alemanha, e cada uma delas tem algo interessante para contar. Eu gostei muito de Dresden, em particular porque adoro cidades que têm um lado histórico muito forte. Mas veremos onde é que as promoções te levam 😀 De qualquer das formas, acho que Dresden é uma cidade da qual ias gostar, quer a visites em 2017 ou noutra altura.
Apesar de ser uma aficcionada da Segunda Guerra Mundial, confesso que Dresden nunca esteve no topo da minha lista de cidades a visitar… Gostei muito de percorrer a tua lista de coisas a fazer e sobretudo de descobrir o Zwinger (ou não fosse eu uma enorme fã de palácios!)
Eu fiquei impressionada com a cidade. Fui sem saber com o que contar, e acabei por adorar cada cantinho! Espero que Dresden consiga subir uns lugares na tua lista, porque acho que merece 😉