Após ter ido em busca de baleias pelo Oceano Pacífico, era a vez de fazer o mesmo pelo Oceano Atlântico. O plano tinha tudo para correr bem. Tínhamos comprado os bilhetes para um passeio de barco em Húsavík e a empresa, a North Sailing, tinha certificação ambiental.
O barco era movido a energia eléctrica, sem recurso a combustível fóssil, e a aproximação às baleias seria feita com cuidado para não perturbar os animais. No final, teríamos direito a bolinhos de canela e chocolate quente.


Ao mostrar a reserva, foi-nos indicado que iríamos receber fatos que nos iam manter secos e quentinhos durante as nossas 3 horas em busca de baleias. Disseram-nos também que, nas observações de animais no seu habitat natural, o avistamento sem sempre é garantido. Afinal, as baleias estão a fazer a sua vida normal, não estão ali para nosso entretenimento.
Ao entrar no barco, fomos logo para a frente, para termos melhor visibilidade. “Estão com sorte, hoje o mar não está agitado, ontem estava pior”, tinham-nos dito. O que não nos disseram é que ali, mesmo na proa do barco, era onde se iria sentir toda a dureza do mar. Estando ele num dia “calmo” ou não.


Já depois de termos saído do cais, ficámos a saber que o centro do barco é o lugar mais estável, e era aí que a maior parte das pessoas se encontrava. Enjoos são muito comuns em viagens marítimas, e esta não foi excepção. Diria, até, que a maioria das pessoas começou a ficar enjoada assim que o barco arrancou. Pessoas sentadas nos bancos que só existiam no centro, e que nunca se chegaram a levantar, pálidas, tentando aguentar a tormenta.
Do meu grupo de 6, só eu me mantinha na frente do barco. Dos outros 5, 4 foram atingidos pelo mal do mar. O outro que, como eu, estava tranquilo, andava a circular pelo navio. Devido ao desequilíbrio natural que tenho em terra firme, resolvi não arriscar. Se tentasse sair dali, o mais certo era cair em cima de alguém — isto se não fosse mesmo borda fora.
Fiquei, então, separada do meu grupo de amigos durante as 3 horas da nossa viagem. Sempre agarrada ao barco com todas as minhas forças, para não baloiçar de um lado para o outro. E tentando não chamar nomes ao senhor que estava ao meu lado, que baloiçava e me atingia involuntariamente com o tripé a cada 10 segundos.


A baleia, essa, acabou por vir, a seu tempo. Uma baleia solitária, tímida, que não estava com grande vontade de aparecer. De vez em quando vinha um pouco acima de água, mostrava parte da cauda, e mergulhava novamente.
No final, comi o meu bolinho de canela e bebi o meu chocolate quente, que me soube pela vida. Muitas pessoas, no entanto, só tinham um desejo: pisar terra firme. Comer não estava na lista de prioridades.
Faria este passeio novamente, sabendo o que sei hoje? Provavelmente sim. Afinal de contas, o mar foi gentil comigo, e a baleia veio dar-me um olá discreto. Mas esta experiência não é para toda a gente. Se sabes que enjoas no mar, esta actividade não é para ti. Mesmo que normalmente não enjoes, vai por tua própria conta e risco. Há comprimidos e pensos que ajudam, mas não funcionam sempre. Fica o aviso.
Guia prático
Como chegar
A maneira mais prática de percorrer a Islândia é através de um carro (ou outro veículo) alugado. Foi assim que chegámos até Húsavík, seguindo sempre a Ring Road (a estrada que circula a Islândia). A estrada está muito bem sinalizada e em boas condições. Tem apenas em atenção as condições climatéricas e de estrada, especialmente se viajares durante o inverno.
Húsavík é uma cidade pequena, e é muito fácil de se chegar ao porto indo a pé, partindo de qualquer ponto da cidade.
Informação útil
Site para marcação do passeio: North SailingPreço do passeio: ~78€
Morada do ponto de encontro: North Sailing – Húsavík, Garðarsbraut, 640 Húsavík, Islândia
Nota: Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
Como éramos um grupo de 6, decidimos ficar alojados em apartamentos em praticamente todos os locais da Islândia por onde passámos. Na noite antes do passeio de barco, ficámos alojados num numa casa em Húsavík, mas que não recomendo. O espaço não estava limpo, e a casa-de-banho tinha um chão em madeira que flutuava quando se usava o chuveiro.
No entanto, depois da visita à cidade de Húsavík e do passeio de barco, continuámos a volta à Islândia e fomos dormir a Blönduós, numa casa bastante agradável.
Se viajares com menos pessoas, de certeza que também vais encontrar boas opções de hotéis ou pousadas em Húsavík. É só questão de procurar.
Deixa um comentário