Os Butchart Gardens, situados a perto de 20 quilómetros de Victoria (Vancouver Island, Canadá), têm uma história no mínimo curiosa. Tudo começou quando Robert Butchart, pioneiro na indústria norte-americana de cimento, se mudou de Ontario para a costa oeste do Canadá. A zona possuía vários depósitos de calcário, vitais para a produção de cimento, e a procura por este material era grande.
Em 1904, Robert desenvolveu uma pedreira e construiu uma fábrica de cimento em Tod Inlet. Perto da pedreira, o industrial e a sua mulher Jennie construíram a casa de família, equipada com uma piscina de água salgada, uma sala de bilhar e campos de ténis.
À medida que os depósitos de pedra calcária se iam esgotando, Jennie começou a planear a criação de algo de extrema beleza a partir do gigantesco espaço exausto. De terras agrícolas próximas vieram toneladas de solo de excelente qualidade, que Jennie utilizou para alinhar e cobrir o chão da pedreira abandonada.
Pouco a pouco, a pedreira transformou-se no florido Jardim Sunken. A fábrica de cimento parou de funcionar em 1916 a única prova da sua existência é uma chaminé bem alta, que se pode observar dos jardins.
Robert apoiou totalmente a sua mulher neste novo empreendimento e, entre 1906 e 1929, os Butcharts criaram diversos jardins. Um jardim japonês à beira-mar ganhou vida com a ajuda de Isaburo Kishida, um renomado jardineiro de Yokohama. Um jardim italiano veio substituir os antigos campos de ténis, e a família acrescentou ainda um jardim de rosas no local onde existia uma pequena horta.
A beleza dos jardins de Jennie rapidamente virou notícia e, na década de 1920, mais de 50 mil pessoas visitaram o espaço. Os Butcharts, sempre hospitaleiros, deram o nome de Benvenuto à sua propriedade, a palavra italiana para Bem-vindo.
O neto do casal, Robert Ian Ross, recebeu os jardins no seu 21º aniversário, e trabalhou arduamente para os tornar auto-sustentáveis, o que hoje são. Durante 50 anos, teve como missão transformar os jardins num espaço ainda mais bonito e convidativo, para que fossem conhecidos em todo o mundo.
Quando Ian morreu, o seu filho Christopher tomou conta do espaço e introduziu algumas mudanças. Durante os meses de verão, passaram a ser realizados concertos sinfónicos ao ar livre, e o próprio Christopher produziu e executou diversos espectáculos de fogo-de-artifício e música.
Christopher morreu prematuramente em 2000, mas os espectáculos continuam-se a realizar aos sábados, em Julho e Agosto. No final de 2009, Robin-Lee Clarke, bisneta de Robert e Jennie e actual proprietária dos jardins, adicionou um pavilhão infantil com um grande carrossel.
De pedreira e fábrica de cimento a jardins floridos. Uma nova vida foi dada a um espaço que, de outra forma, teria ficado ao abandono. Jennie Butchart mostrou que, com força de vontade (e dinheiro), é possível deixarmos o mundo um pouco melhor do que o encontrámos.
Guia prático
Como chegar
De autocarro
Estando no centro de Victoria, só há um autocarro que passa nos Butchart Gardens: o número 75 em direcção a Saanichton. O autocarro passa nas estações Government at Superior e Douglas at Kings. Horários e rotas podem ser consultados no site da BC Transit. Nem todos os 75 param nos jardins, confirma a rota primeiro.
Informação útil
★ Site: The Butchart Gardens
★ Horário: Todos os dias das 8h30 às 18h00 (horário de primavera)
★ Preço: $30,35 para adultos || $15,20 para faixas etárias entre 13-17 || $2 para faixas etárias entre 5-12
★ Morada: 800 Benvenuto Ave, Brentwood Bay, BC V8M 1J8 (Vancouver Island)
Nota: para uma conversão actualizada de dólares canadianos para euros, vê o site xe.com.
Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
Como a minha estadia em Victoria é por motivos profissionais, estou numa casa partilhada e nunca fiquei num hotel ou similar. Assim, não posso dar sugestões de alojamento, apenas da zona: o melhor sítio para ficar é na Downtown ou perto da British Columbia Legislature, porque é onde tudo acontece. No entanto, como é uma cidade relativamente pequena, ficar um pouco mais longe do centro não tem muitas desvantagens, porque toda a área é facilmente percorrida a pé.
Que belos jardins – e que história extraordinária! Reinventar um espaço em vez de votá-lo ao abandono depois do seu propósito inicial ter sido esgotado – algo que por estes lados não costuma acontecer. Que belíssimo resultado e que ideia genial!
É mesmo uma história extraordinária! Eu adorei essa ideia de transformar algo que já não tem uso num espaço assim tão bonito.