Ao percorrer os quadros que se encontravam na parede, os meus olhos pousaram sobre um em particular. À minha frente encontrava-se um mapa de Portugal. Tinha formas pouco precisas, e fronteiras ligeiramente imaginadas, é certo, mas sem dúvida que era Portugal.
Estava a 11 mil quilómetros de casa, no Japão, e o rectângulo à beira-mar de onde tinha vindo fazia parte da exposição do Castelo de Gifu (岐阜城, Gifu-jō). Fiquei naturalmente intrigada, mas a informação apresentada era muito reduzida.



Considerado um dos principais pontos turísticos de Gifu, o Castelo encontra-se no topo do Monte Kinka (金華山, Kinka-zan). Tinha subido até ali através de um teleférico que começa no parque da cidade. À hora em que subi, o teleférico foi quase todo só para mim. Assim, consegui ter a vista desimpedida para apreciar a combinação surpreendentemente harmoniosa da floresta com a paisagem urbana da cidade.
Já no topo do monte, visitei o museu e percorri os quatro pisos do Castelo. Comecei pelo topo, de onde se tem uma visão maravilhosa do rio Nagara (長良川 , Nagara-gawa) e das várias montanhas envolventes. Os tons outonais pintavam as folhas das árvores e um nevoeiro ligeiro dava um toque de mistério ao ambiente.



Fui descendo sem pressas, observando os artefactos que encontrava em cada piso. Ao longo dos quatro andares, ficamos a conhecer um pouco da sua história.
A origem do Castelo, que seria mais pequeno e menos exuberante do que é actualmente, data dos anos 1200. Antigamente, era conhecido como Castelo de Inabayama (稲葉山城). Assim ficou, até Oda Nobunaga (織田 信長), um dos mais famosos e importantes generais da história do Japão, lhe ter alterado o nome.



Foi exactamente na sala dedicada ao general Nobunaga que encontrei Portugal. Embarcações que me pareciam caravelas compunham o quadro, juntamente com uma assinatura que dizia claramente Luís Fróis. Afinal, a explicação até era simples.
Nascido em Lisboa, Luís Fróis entrou para a Companhia de Jesus em 1538. O jesuíta português viajou para o Japão enquanto missionário, tendo ficado amigo de Oda Nobunaga. Permaneceu na sua residência durante algum tempo, e visitou o Castelo, que o general utilizada como base para as suas operações.



Na altura da minha visita, já se tinham passado 400 anos desde a morte de Luís Fróis, em Nagasaki (長崎市). No entanto, graças a ele, Portugal continuava em Gifu.
E tu, já encontraste Portugal em mais alguma parte do mundo? Adorava saber!
Guia prático
Como chegar
A fora mais fácil de se chegar ao Castelo de Gifu é de autocarro. Das estações de comboio JR Gifu (JR岐阜駅) ou Meitetsu Gifu (名鉄岐阜駅), há duas alternativas.
Uma delas é apanhar o autocarro N80 Takatomi (N80高富). A segunda opção, que foi a que eu utilizei, é o autocarro circular no sentido anti-horário (市内ループ線左回り, também aparece em inglês como City Loop Line Left Turn).
Em ambos os casos, deves sair na estação Parque de Gifu (岐阜公園). Depois, é só apanhar o teleférico (1080¥ ida e volta, 620¥ só ida).
Informação útil
★ Site: Castelo de Gifu (apenas em japonês, eu utilizei um tradutor virtual para perceber o principal)
★ Horário: Todos os dias das 8h30 às 17h30
★ Preço: 200¥ adultos| 100¥ crianças dos 4 aos 16 anos
★ Morada: 〒502-0828 Gifu, 金華山天守閣18 金華山頂
Para uma conversão actualizada de ienes japoneses para euros, vê o site xe.com.
Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
A minha ida a Gifu foi em trabalho, pelo que não fui eu a escolher o alojamento. Fiquei no Hotel Resol Gifu, um hotel de 3 estrelas perto da estação de comboio. A localização é bastante boa, e os quartos são simpáticos. O pequeno-almoço, em estilo buffet, está incluído e tem uma boa variedade. Existem tanto pratos japoneses como opções mais ocidentais. Há mais alternativas de alojamento na cidade, por isso é só questão de procurar. De certeza que vais encontrar um que te agrade!
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