Tinha menos de 24 horas em Nagoya (名古屋). O que me tinha levado ao Japão era trabalho, em Gifu (岐阜). O aeroporto mais próximo era o de Nagoya (em Chubu) e o meu voo era de manhã, bem cedo.
O comboio que unia as duas cidades não me deixaria no aeroporto a tempo de apanhar o avião de regresso a Portugal.
Assim, optei por ir para Nagoya no dia anterior ao meu voo, e ficar num hotel no aeroporto. Desse modo conseguia dormir mais um pouco, e não teria de ir de táxi até ao aeroporto.


A jornada como destino
Cheguei a Nagoya de manhã. Ao sair da estação de comboios de Meitetsu (名鉄名古屋駅), comecei-me a dirigir para o Castelo de Nagoya (名古屋城). Se conseguisse ver apenas o Castelo, a minha curta estadia na cidade já teria valido a pena.
Tinha uma caminhada de 30 minutos pela frente, que facilmente se transformaria em 50 minutos a andar. Queria aproveitar o percurso até ao meu destino para conhecer a cidade, desbravar as suas ruas. Por vezes, a jornada é tão ou mais importante do que a meta.


Ao deambular pelas ruas de Nagoya, parei diversas vezes enquanto olhava mais atentamente para alguns prédios. Os letreiros, que na altura não conseguia compreender, deixam-me intrigada.
Não posso dizer que aquela zona da cidade era particularmente bonita, mas tinha o seu quê de exótico e carismático. Estava entretida a observar a movimentação das estradas, sempre ordeira, quando o vi. Ali estava ele, o Castelo de Nagoya, a apenas alguns passos de distância.


O castelo dos kinshachi (金鯱) dourados
Com os seus telhados verdes contrastantes com as paredes brancas, o que mais me chamou à atenção foram os dois animais dourados que coroam o seu topo. A princípio não percebi o que eram, mas a explicação não tardou.
Os animais no telhado do Castelo de Nagoya são kinshachi (金鯱), um peixe mitológico do folclore japonês. A sua fisionomia é intrigante, com cabeça de tigre e corpo de carpa.


Acreditava-se que estes peixes poderiam causar chuva. Diversos castelos e templos eram adornados com estes seres míticos como forma de protecção contra o fogo. Infelizmente, o Castelo de Nagoya acabou mesmo por ser destruído por um incêndio durante a Segunda Guerra Mundial.
Com um total sete andares, o Castelo reconstruído é fascinante. O seu interior é repleto de objectos de uma elevada importância cultural, incluindo armas, recriações da cidade e da vida no castelo, assim como bonitos painéis e pinturas. No topo, somos ainda presenteados com uma vista ampla da cidade de Nagoya.


Muito mais do que um castelo
O recinto onde se encontra o Castelo é enorme, e há muito mais para conhecer. No Palácio Honmaru (本丸宮殿, Honmaru kyūden), onde temos de retirar os sapatos antes de entrar, as paredes e portas deslizantes são enfeitadas por maravilhosas pinturas.


Os diversos jardins, que eu vi nos tons de outono, são locais perfeitos para descansar. Na época das cerejeiras em flor, com a chegada da primavera, as ruas do recinto ficam pintadas de cor-de-rosa.
Há ainda uma casa onde se podem reservar cerimónias do chá, assim como diversas torres e recantos encantadores. E claro, quando a fome aperta, também há restaurantes onde se pode comer.


A hora de almoço já se tinha aproximado, e entrei num desses espaços. Uma máquina tinha as diversas opções de refeição, com fotografias ilustrativas. Toquei no ecrã para seleccionar a que mais me agravada. Paguei directamente na máquina, e um papel saiu. Quando o meu número apareceu num outro ecrã, fui buscar a minha refeição.


A comida estava deliciosa, e foi a forma perfeita de terminar a minha visita a este Castelo encantador. Dali a poucas horas regressaria a Portugal, mas o Japão iria-me continuar a surpreender, até ao último minuto.
Guia prático
Como chegar
Eu fui a pé desde a estação de comboios de Meitetsu, porque queria sentir a cidade e percorrer as suas ruas. A caminhada demora cerca de 35 minutos, se não se fizer paragens. No entanto, há formas mais rápidas de se chegar até ao Castelo de Nagoya.
De comboio, deve-se sair na estação Higashiōte (東大手駅) na linha Meitetsu Seto (瀬戸線).
Há ainda o metro, que foi o que apanhei no regresso. Deve-se sair na estação Shiyakusho (市役所駅) ou M07 da linha Meijō (名城線); ou na estação Sengen-chō (浅間町駅) ou T05 da linha Tsurumai (鶴舞線). A compra dos bilhetes pode ser um pouco confusa, porque é por distâncias e há imensos botões, mas se não conseguires perceber de certeza que alguém te tentará ajuda (mesmo que não falem inglês).

Informação útil
★ Site: Nagoya Castle Official Website
★ Horário: Todos os dias das 9h00 às 16h30
★ Preço: 500¥ adultos| gratuito para crianças até ao ensino básico | preços detalhados
★ Morada: Honmaru, Naka-ku, Nagoya-shi, Aichi-ken 460-0031 (〒460-0031 愛知県名古屋市中区本丸)
Para uma conversão actualizada de ienes japoneses para euros, vê o site xe.com.
Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
Como o meu voo de regresso a Portugal era muito cedo, e tinha vindo de Gifu na manhã do dia anterior, resolvi ficar no Centrair Hotel, no Aeroporto Internacional de Chubu (que serve Nagoya). É o local perfeito para quem tem voos de madrugada, quando ainda não há transportes, e quer ficar a dormir até mais perto da hora de embarque. A localização é excelente, mas apenas nessa situação. Os preços, claro, são proporcionais à praticidade.
Se não tiveres o problema de horários que eu tive, de certeza que encontrarás um outro local para dormir, na própria cidade de Nagoya.
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