No caminho que separa Timișoara de Cluj-Napoca, parámos em Alba Iulia. O dia estava cinzento, e a cidade recebeu-nos debaixo de chuva. Como sempre, não era um pequeno dilúvio que nos iria parar! Estacionámos o carro e, com o chapéu-de-chuva aberto, fomos à descoberta.
Em Alba Iulia, queríamos visitar Alba Carolina, a maior cidadela de toda a Roménia. Assim que entrámos, apercebemo-nos que facilmente se passa um dia inteiro por lá. Como tínhamos de chegar a Cluj-Napoca nesse mesmo dia, acabámos por ficar pouco tempo. Mas cada segundo valeu a pena, mesmo com chuva.
A cidadela tem uma forma muito curiosa, parecendo uma estrela com múltiplas pontas. Mas como é que este espaço surgiu? Na verdade, o local onde a fortaleza se encontra tem quase 2000 anos de história!
Terá sido por volta de 105 que o Império Romano iniciou a construção de um castro no local. Dali, era possível controlar o ouro que vinha dos Montes Apuseni. Muito mais tarde, já em 1715, teve início a construção da cidadela como hoje a conhecemos, para ajudar a resistir às invasões otomanas.
Curiosamente, a cidadela foi usada apenas uma vez para fins militares, mas não contra o Império Otomano. Em 1849, o exército húngaro atacou a cidadela durante 4 meses, tentando conquistá-la.
O seu maior momento, no entanto, foi a 1 de Dezembro de 1918. Mais de 100 mil pessoas reuniram-se para celebrar a tão esperada união da Transilvânia com a Roménia.
A catedral ortodoxa: Catedrala Încoronării
A bela Catedrala Încoronării (Catedral da Coroação) é dedicada à Santíssima Trindade e aos Arcanjos São Miguel e São Gabriel. Foi construída entre 1921 e 1922 para celebrar a união da Transilvânia com a Roménia.
A catedral tem este nome porque Ferdinand I e a sua esposa Maria foram aqui coroados, em 1922. O título de Ferdinand I não era de Rei da Roménia, mas sim Rei dos Romenos.
Os esforços diplomáticos do casal foram importantes para a aceitação internacional da união.
A catedral católica: Catedrala Romano-Catolică Sfântul Mihail
A Catedrala Romano-Catolică Sfântul Mihail (Catedral Católica Romana de São Miguel) é considerada uma das mais preciosas da Transilvânia. Muito por causa do seu estilo arquitectónico romano.
A catedral foi nomeada a mais antiga da Roménia. Terá sido construída na segunda metade do século XIII, mas algumas das suas pedras são do ano 1000. O que significa que têm mais de 1000 anos! Não é impressionante?
No seu interior, há um órgão enorme, com mais de 2200 tubos. Também é aqui que se encontram alguns monumentos funerários de príncipes ou duques da Transilvânia.
Os habitantes de bronze
A cidadela tem uns habitantes muitos especiais. São feitos de bronze, e estão espalhados um pouco por todo o complexo. As estátuas reconstituem momentos da vida de pessoas comuns.
No total, são 25 obras, entre soldados que guardam a entrada, a uma florista com uma cesta cheia de rosas. A maior parte das estátuas representam cenas quotidianas do século XVII. A forma como figuras estão representadas faz com que nós, visitantes, possamos criar na nossa mente a história daquela personagem.
No entanto, um destes habitantes de bronze não é uma pessoa anónima. É um santo bem conhecido dos portugueses. Sim, Santo António encontra-se na cidadela de Alba Iulia, rodeado de crianças que escutam a suas palavras.
O que gostaria de ter visitado
Muito por causa do tempo (tanto o clima como as horas), não vimos tudo o que a cidadela tem para oferecer. Deixo aqui dois espaços que gostaria de ter visitado, mas que não consegui.
O Muzeul Național al Unirii (Museu Nacional da União) tem mais de 100 salas repletas de história. Localizado num edíficio do século XIX, o museu conta um pouco da história da região, desde a era pré-histórica até à união com a Roménia em 1918.
A Biblioteca Batthyaneum deve ser absolutamente magnífica, especialmente para amantes de livros (como é o meu caso). Tem alguns dos livros e manuscritos mais raros da Europa!
Não são excelentes razões para regressar?
Guia prático
Como chegar
Eu cheguei a Alba Iulia de carro, vinda de Timișoara. Apesar de Alba Iulia não ter aeroporto, há três aeroportos internacionais nas proximidades: Cluj, Sibiu e Târgu Mureș. O mais próximo é o de Sibiu, mas que o recebe mais voos de cidades europeias é o de Cluj-Napoca, que fica a cerca de 100 quilómetros (3h30 de comboio). E, claro, de Bucareste também existem comboios e autocarros que ligam a capital romena a Alba Iulia.
Alojamento
Fui a Alba Iulia de passagem entre Timișoara e Cluj-Napoca, cidades onde pernoitei. Em Timișoara fiquei no DownTown Hostel, e em Cluj-Napoca dormi no Youthink Hostel. No entanto, se pretendes ficar a dormir em Alba Iulia, há muitas opções de alojamento para escolher!
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