Depois de três dias a explorar a cidade de Irkutsk, Listvyanka e o Lago Baikal, estava na hora de seguir caminho. Íamos até Ulan-Ude (lê-se Ulan-Udé), a última cidade que visitaríamos na Rússia. Esta era também a viagem que marcava o final do transiberiano, a partir daqui estaríamos a viajar no caminho-de-ferro transmongol.
Chegámos à estação de Irkutsk bastante mais cedo do que seria necessário, o que é algo comum para mim: prefiro aguardar do que perder um comboio. A sala de espera era relativamente pequena e havia um grande painel com informação sobre os comboios, os horários e as plataformas, tudo em russo. Estamos no interior na Rússia, não se encontra nenhum outro idioma.
O mais curioso aqui é que os painéis não mostram a hora local a que o comboio vai partir, mas sim a hora de Moscovo. Irkutsk tem mais 5 horas em relação à capital russa, e o nosso comboio ia partir às 21h08, hora local. Os painéis (e os bilhetes), marcavam 16h08.
Quando o painel informou qual era o cais de onde o nosso comboio iria partir, fomos imediatamente para lá. O comboio 362ИЦ estava ali, pronto para nos levar. Procurámos o número da nossa carruagem e o procedimento foi igual ao de São Petersburgo e Moscovo. Tínhamos de entregar o bilhete e o passaporte, esperar que a senhora responsável pela carruagem (chamam-se provodnitsa, проводница) verificasse que a nossa cara correspondia à fotografia, e fizesse a correspondência entre os nossos nomes e uma lista impressa que segurava na outra mão. Verificação feita, entrámos.
Como íamos passar apenas uma noite no comboio, decidimos comprar os bilhetes mais baratos: os da 3ª classe. O que significa que íamos partilhar uma carruagem com mais 52 pessoas. Se à partida parece um número demasiado elevado, a verdade é que as pessoas que utilizam estes comboios nocturnos querem descansar. Assim, serem 52, 100 ou apenas 5, não tem influência e o resultado é o mesmo: uma noite tranquila, apenas com o som do comboio a percorrer os carris, pouca terra, pouca terra.
Teria dormido uma noite completa, não fosse a minha tosse de estimação. Sim, a tosse que me acompanhava há 10 dias ainda não tinha ido embora, e não me iria abandonar por mais algum tempo. Às 05h51 chegámos a Ulan-Ude. Eu, apesar do sono que me queria dominar, estava em ânsias para começar a percorrer esta cidade russa com características tão asiáticas.
Também prefiro ficar à seca horas se for preciso do que perder o transporte, com o avião então chego a estar à espera duas horas ou mais hehe
Realmente assusta mais 52 pessoas contigo na mesma carruagem, os barulhos que podem ser chatos para adormecer mas realmente funciona. Quando estive dois dias num comboio do sul para o norte da Índia aconteceu o mesmo, durante a noite um ambiente tão quieto mas às 8h já andava tudo levantado a fazer a sua vidinha =)
Quando estou com sono acabo por dormir em qualquer lado, mesmo em posições esquisitas 😛 Só não consigo dormir muito bem nos aviões, não sei porquê… Acho que é mais o entusiasmo de chegar que não me deixa dormir. Sim, 8h parece-me uma hora razoável para começar o dia 🙂
[…] Conheci Ulan-Ude porque inclui a cidade no meu roteiro pelo caminho-de-ferro transiberiano. Assim, cheguei à cidade no comboio nocturno, vinda de Irkutsk. […]