Viajando de comboio entre a Rússia e a Mongólia

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Depois de pouco mais de 24 horas a conhecer a cidade de Ulan-Ude (Улан-Удэ, lê-se Ulan-Udé), estava na hora de seguir viagem. Ia sair oficialmente da rota do transiberiano e entrar no transmongol. A emoção era grande, e não podia deixar de sentir um friozinho da barriga. Tinha a sensação – daquelas coisas inexplicáveis que por vezes sentimos – que iria adorar a Mongólia.

As viagens de comboio anteriores tinham sido recheadas de pessoas interessantes, em particular naquela mítica viagem de 4 dias entre Moscovo e Irkutsk. Com quem iria travar conhecimento desta vez? Um jovem russo que se deslocava à Mongólia em busca de um amor perdido? Uma senhora mongol que ia mostrar aos netos a cidade onde nasceu? Enquanto sonhava acordada com pessoas e vidas que (ainda) não conhecia, o nosso comboio chegou.

Ao entrar no comboio, todos os meus sonhos se desfizeram. Ali, naquela pequena carruagem (a única carruagem mongol num comboio russo), só havia turistas. Europeus. Uma carruagem cheia de italianos, espanhóis, alemães e nós os dois, portugueses de gema, vindos da parte mais ocidental do velho continente… Dividimos o compartimento de 2ª classe com um casal alemão pouco comunicativo, com o qual mal falámos durante todo o trajecto.

O tempo foi passando, comigo a desejar que os meus companheiros de carruagem fossem outros, de nacionalidades mais exóticas para os meus padrões europeus. Lá chegámos a Naushki (На́ушки), cidade russa fronteiriça onde teríamos de aguardar algum tempo:  4 horas e 15 minutos.

Durante a primeira hora a nossa carruagem movimentou-se para trás e para a frente, numa dança para se separar do resto do comboio. No resto do tempo, explorámos a estação. Envolta numa paisagem um pouco vazia, a estação de Naushki não tem grandes infraestruturas. Há casas-de-banho e uma pequena loja, onde aproveitámos para comprar gelados. A alternativa era peixe seco, o omul do lago Baikal.

Pouco antes da partida, a polícia apareceu. Verificaram os passaportes e os vistos, colocaram um carimbo de saída da Rússia, e inspeccionaram algumas malas. Sondagem feita, a nossa carruagem solitária foi ligada à locomotiva. O comboio ganhou velocidade, até parar pouco depois, desta vez já do outro lado da fronteira. Em Sükhbaatar (Сүхбаатар) – Mongólia, estávamos oficialmente na Mongólia! – teríamos de aguardar mais 3 horas, onde também verificaram passaportes e vistos. Na manhã seguinte, iríamos chegar a Ulaanbaatar (Улаанбаатар), onde grandes aventuras esperavam por nós.

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