Depois de passarmos o primeiro dia a conhecer parte da cidade de Irkutsk, no segundo e terceiro dia apanhámos uma marshrutka (uns mini-autocarros) até Listvyanka (Листвянка). A viagem dura cerca de 1 hora em cada uma das direcções.
Listvyanka é uma pequena povoação que se situa a 70 quilómetros a sudeste da cidade de Irkutsk. A sua população não chega aos 2000 habitantes, mas é comum ver por lá muitos turistas russos e alguns estrangeiros. Porquê? Aqui, tem-se acesso ao lago Baikal (Ozero Baykal, О́зеро Байка́л). Nos dois dias em que lá fomos, Listvyanka acolheu-nos com um céu cinzento e uma chuva miudinha que teimava em cair e que, a dada altura, mais parecia um dilúvio do que uma chuva ligeira.
A povoação tem várias casas de madeira com janelas adornadas, tão características da região. O mercado de Listvyanka está aberto todos os dias, sempre repleto de cores e aromas. Há frutas, verduras e todo o tipo de lembranças. Omul, o famoso peixe branco da família do salmão, também é abundante. Este peixe só se encontra aqui, é endémico do lago Baikal.
O lago, esse, é tão extenso que até parece mar. Classificado Património Mundial da UNESCO desde 1996, é o mais profundo lago de água doce do mundo. Na sua zona mais funda, chega aos incríveis 1637 metros de profundidade. Com mais de 600 quilómetros de comprimento, é aqui que se encontra 20% da água doce do mundo! O lago tem mais de 25 milhões de anos e é a casa de 3500 espécies de animais e plantas, das quais 2600 são endémicas (como o peixe Omul).
O Museu Baikal conta um pouco da história deste lago tão especial. Por ser uma zona mais turística, grande parte da informação (não toda, no entanto) está tanto em russo como em inglês. Em zonas mais rurais da Rússia, é muito raro encontrar o que quer que seja em inglês. Em Volgogrado (Volgográd, Волгоград), onde estive em 2013, não existe uma única palavra que não seja escrita em russo, mesmo nos museus. É bom ver que, em alguns locais, se estão a começar a aperceber da importância de ter informação noutros idiomas.
Para além do museu e do mercado, há muitas outras actividades que se podem realizar em Listvyanka, como trilhos e passeios de barco. Nós resolvemos andar num barco que tinha parte do fundo em vidro e de onde se podia observar o lago por uma outra perspectiva. A viagem foi relativamente curta, mas a sensação de estar no meio de um lago como este é indescritível.
Queria ter feito parte do trilho Great Baikal Trail, mas por vezes temos de saber quando desistir. Sabes quando as pessoas dizem “nunca desistas”? Eu não estou muito de acordo com isso. Sim, não devemos desistir ao primeiro contratempo, mas a inteligência também está em saber dizer que não e em conhecer os nossos próprios limites. Por vezes, desistir é o melhor que temos a fazer. A tosse que me acompanhava deste Moscovo ainda não tinha ido embora, mesmo já se tendo passado quase uma semana. Caminhar à chuva não me ia fazer bem, e ainda tinha mais 18 dias de viagem pela frente.
Acabámos por regressar a Irkutsk, com a promessa de que um dia voltaríamos, para passar pelo menos 5 dias a explorar o lago Baikal em todo o seu esplendor. Sim Rússia, vais-me ver novamente: estou-te a dever o Great Baikal Trail, a Ilha Olkhon, a ferrovia Circum-Baikal e tantos outros locais bonitos que sei tens para me mostrar.
Guia prático
Como chegar
Existem três formas de se chegar a Listvyanka vindo-se de Irkutsk: marshrutka, barco ou comboio. Eu fui e voltei de marshrutka, pelo que a informação que encontras aqui é relativa a este meio de transporte.
De marshrutka
As marshrutkas partem da estação rodoviária principal, cuja morada é ul. Oktyabrskaya Revolyutsii, 11 (ул. Октябрьской Революции, 11). Quando fiz a viagem (Agosto de 2016), havia 4 por dia, sendo que a primeira parte às 7h00 e a última às 18h00. Foi só chegar, comprar bilhete e esperar no local certo. Na volta, as marshrutkas partem de Listvyanka no mesmo local onde chegam, por isso é bastante fácil saber onde esperar. Também há uma paragem junto ao Museu Baikal (o museu fica um pouco afastado do centro de Listvyanka).
Alojamento
Não fiquei alojada em Listvyanka mas sim em Irkutsk e fui e vim no mesmo dia. Fiquei no Rolling Stones hostel e gostei imenso, tanto do espaço como das pessoas que lá trabalham. Por ser uma cidade que muitos viajantes escolhem como base para visitar o Lago Baikal, opções para alojamento é algo que não falta, tanto a nível de hotéis como de hostels e apartamentos. No entanto, também podes pernoitar em Listvyanka, embora as opções não sejam tão diversas.
20% da água doce de todo o mundo, não fazia ideia! E andar no barco com o fundo em vidro deve ter sido qualquer coisa! Percebo o que dizes quanto aos limites. Principalmente quando se viaja por muito tempo, se não temos cuidado e prestamos atenção ao nosso corpo, é provável que acabemos de cama. Há muito tempo que não estou doente durante uma viagem (uffa!), mas sei que é horrível estar. Fizeste bem em parar, caso contrário podias ter perdido muito dos 18 dias que se seguiram 🙂
Sim, é incrível! Na verdade, nem tens a sensação de que é um lago, porque não consegues ver o fim (imagino sempre os lagos como algo contido, em que vejo as margens todas, o que é uma estupidez porque há lagos enormes, como este). Eu acho que esta foi a primeira vez em que estive menos bem em viagem, mas é um aborrecimento… Por isso, é melhor ter cuidado e não piorar a situação 🙂
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