Guerreiros de Terracota. Exército de Terracota. Guerreiros de Xi’an. Exército do Imperador Qin. Por muitos nomes que tenham, foram construídos com um propósito apenas: ser um exército para a vida depois da morte. E foi maioritariamente por causa deles que eu inclui Xi’an no meu roteiro do transiberiano.
Entre mim e eles, distava apenas uma viagem de autocarro. Estive todo o percurso num estado de excitação característico das crianças pequenas. Olhava lá para fora a procurar indicações, a tentar ver Terracota Army nas placas por onde passávamos. Queria garantir que o condutor do autocarro seguia o caminho certo. Como se ele não o fizesse todos os dias, e eu não fosse uma portuguesa que estava na China pela primeiríssima vez…
Uma hora depois, o autocarro parou. Tínhamos chegado. Afinal, o condutor sabia o que estava a fazer. Seguimos para as bilheteiras, comprámos os bilhetes. Era mesmo verdade, ia ver o exército de terracota de Qin Shi Huang, o primeiro imperador da China unificada. As esculturas datam aproximadamente do final do século III a.C. e foram enterradas junto ao mausoléu do imperador. Para o proteger, claro. Um incrível conjunto com cerca de 8 mil soldados, arqueiros e cavalos, para guardar o túmulo.
Quão impressionante é saber que vamos ver algo com mais de 2200 anos? Ainda para mais quando a sua descoberta foi totalmente acidental! Em Março de 1974, agricultores locais tentavam encontrar água para irrigação, e encontraram algumas cabeças e partes do corpo dos guerreiros de terracota. Originalmente eram coloridos, mas o contacto com a luz fez a cor desaparecer. Hoje, as escavações arqueológicas ainda estão em curso e grande parte do exército encontra-se debaixo de terra.
No total, o que podemos ver são 3 trincheiras. Começámos da mais pequena para a maior, e a ordem não podia ter sido melhor escolhida. Na trincheira 3, encontra-se o centro de comando do exército, com 70 oficiais de alta patente. É a mais pequena de todas, mas não deixa de ser incrível. Na trincheira 2, de tamanho médio, há algum espaço que ainda se encontra em escavação. Aqui, temos a cavalaria e os soldados. Na trincheira 1, a maior e mais impressionante, fica a infantaria. Cerca de 6 mil guerreiros estão em formação de batalha, prontos a defender o imperador a qualquer instante.
Todos os guerreiros são figuras únicas, com feições e detalhes diferentes uns dos outros. Tudo é altamente trabalhado, desde as roupas às armaduras, passando pelos cintos e penteados. Não há nenhum igual ao outro. Nem um. O que faz com que este conjunto seja ainda mais extraordinário. Absolutamente extraordinário.
Guia prático
Como chegar
De forma independente, é muito fácil chegar aos Guerreiros de Terracota de Xi’an. Em frente à estação de comboio de Xi’an, bem junto à muralha da cidade, encontra-se um terminal de autocarros. É só entrar no 306, pagar o bilhete, e seguir viagem até à última paragem. Não há como enganar.
Dicas
★ Junto à bilheteira há diversos guias que oferecem os seus serviços. O serviço é pago. Não sei quanto é nem se fazem um bom trabalho, mas se não queremos, temos de ser assertivos.
★ Desde a bilheteira até ao lugar das trincheiras, ainda se anda um pouco. Há um serviço de cadeira de rodas, para quem tenha mobilidade reduzida.
Informação útil
★ Site: Qin Shi Huang Mausoleum Museum
★ Horário: Todos os dias das 8h30 às 18h00
★ Preço: 150 元 || preços detalhados (apenas em chinês, eu usei um tradutor virtual para perceber os pontos principais)
★ Morada: 秦始皇帝陵博物院, 临潼区, 西安 (Qin Shi Huang Mausoleum Museum, Lintong, Xi’an)
Nota: para uma conversão actualizada de yuan para euros, vê o site xe.com.
Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
Em Xi’an fiquei alojada no Xi’an Travelling with Hotel, que na altura estava na transição entre hostel e hotel. Ainda não percebi muito bem se queriam ser hostel, se queriam ser hotel ou algo entre os dois. No entanto, o espaço é muito agradável, os quartos são bons e está mesmo ao pé de uma estação de metro. Mas Xi’an oferece muito mais opções de alojamento, é só procurar.
Fiquei maravilhada com estas fotografias. Meu deus. Tantos anos já se passaram e as figuras continuam quase intactas e os detalhes são estonteantes!
É mesmo impressionante, só de pensar o que tempo que já passou desde que foram construídos! Muitas delas continuaram preservadas por estarem debaixo de terra, mas o trabalho de conservação que tem sido feito é muito bom 😉
Bem, se um dia for para esses lados, quero visitar isto! É mesmo espantoso!
Pois é Alexandra, espero que vejas com os teus próprios olhos! Se estiveres pela China, acho que vale mesmo a pena fazer uma desvio até Xi’an só para ver estes guerreiros 🙂
Epa não estás bem a ver o quanto adorava conhecer isto ao vivo. Até mencionares no outro post não fazia ideia que os tinhas visto. Tenho o livro daquela colecção que o Público editou com “os grandes mistérios da arqueologia” e desde então que a curiosidade é imensa. É uma obra extraordinária, majestosa. E escavar isso deve ser qualquer coisa. Tenho mesmo de conhecer um dia!
Pus-me a pensar, e será que não conseguirias fazer uma espécie de intercâmbio e ir para lá uns tempos participar nas escavações? Deve ser incrível! Se tivesse formação nessa área, sem dúvida que o tentaria fazer. De qualquer das formas, “apenas” vê-los já é uma experiência maravilhosa <3 Espero mesmo que tenhas oportunidade de os visitar!
[…] conhecida pelo deslumbrante Exército de Terracota, Xi'an possui um interessante mercado no bairro ou quarteirão muçulmano. Uma reminiscência dos […]
[…] 2: Guerreiros de Terracota, Pagode do Grande Ganso […]
[…] aquele que foi o primeiro imperador da China unificada. Sim, o mesmo que mandou construir os magníficos Guerreiros de Terracota, que se encontram em Xi'an. Ao contrário dos Guerreiros, pouco dessa muralha sobreviveu até […]