No início de Abril de 2016 tive a oportunidade de ir a Pisa, em Itália, em trabalho durante uns dias, e consegui explorar um pouco da cidade. Gostaria de ter tido mais tempo para visitar o resto da região Toscana, mas foi um bom conheço! Deixo aqui algumas dicas e informações práticas, que podem ser úteis. Vamos a isso?
Nota: Escrevi todos os nomes de cidades e pontos de interesse em italiano. Em alguns casos, coloquei a tradução em português, mas o italiano irá aparecer sempre primeiro. Porquê? É mais fácil de identificar nas placas, e porque gosto de respeitar os nomes locais. Para mim, faz todo o sentido escrever os nomes em italiano, porque as coisas estão em Itália.
História e geografia
A cidade de Pisa faz parte da região italiana da Toscana, província de Pisa. Descobertas arqueológicas revelaram a existência de um grande porto fluvial da época romana no seu subsolo. Há 20 séculos, o estuário encontrava-se a 4 km do mar, sendo um dos maiores portos romanos da época. Hoje em dia, a cidade está a 17 km do litoral e o porto encontra-se sob a estação ferroviária de San Rossore. Diz a tradição que foi no porto de Pisa que São Pedro desembarcou para pregar o Evangelho, tendo daí seguido para Roma.
O sucesso de Pisa esteve sempre associado à navegabilidade do rio Arno e à sua proximidade ao mar. Foi o seu porto que atraiu comerciantes de todo o Mediterrâneo e, nos séculos XI e XII, Pisa torna-se República Marítima. O século XIII, esse, foi cheio de tensões, e o declínio da República ocorre a partir do final de 1200, com a perda de supremacia do mar. Com as tentativas de ocupação por Firenze (Florença), no início de 1400, começou um período de profunda recessão e instabilidade política na cidade. Em 1509, Firenze conquista definitivamente Pisa.
Quando começa o reinado dos Medici, também Pisa inicia uma nova fase. O renascimento da cidade tem lugar no século XVI, graças ao amor dedicado a Pisa por Cosimo I de’ Medici. Pisa voltou a tornar-se importante nos domínios culturais e científicos, como já tinha sido durante o período da República Marítima. Leonardo Fibonacci e Galileo Galilei são dois exemplos de pisanos que contribuíram para o avanço da ciência. A cidade universitária também teve um grande desenvolvimento e, durante a invasão napoleónica, Napoleão fundou a famosa Scuola Normale.
Mais recentemente, e durante a Segunda Guerra Mundial, Pisa foi fortemente bombardeada pela aviação dos Estados Unidos da América, a 31 de Agosto de 1943. Bairros inteiros foram totalmente destruídos. Actualmente, o seu território tem uma área de 185 km² e cerca de 85 mil habitantes. A Piazza del Duomo di Pisa (Praça da Catedral), onde se encontra a Torre Pendente, é Património Mundial da UNESCO desde 1987.
Quando ir
Penso que quase todas as cidades europeias são mais agradáveis durante a primavera ou o outono. Dito isso, fica a saber que os meses mais frios em Pisa são Dezembro e Janeiro, enquanto que os meses mais quentes são Julho e Agosto.
Em Abril apanhei muito bom tempo, com dias cheios de sol, e um número de turistas bastante aceitável. Consegui mover-me facilmente e não esperei em filas intermináveis. No verão o cenário é um pouco diferente, existindo uma grande probabilidade de teres de esperar 5 horas se quiseres subir à famosa Torre Pendente (caso não compres o bilhete antecipadamente).
Como chegar
De Lisboa/Porto
Sem dúvida que a forma mais rápida para se chegar a Pisa é indo de avião. No entanto, a Ryanair é a única companhia que tem voos directos entre Lisboa e Pisa (que eu saiba, se conheceres mais alguma avisa-me). A TAP tem voos com conexão em Roma, sendo que a viagem Roma-Pisa é operada pela companhia italiana Alitalia. Do Porto não existem voos directos (nem mesmo pela Ryanair), e a maior parte deles inclui uma conexão em Paris, França.
Todos os voos, independentemente da companhia, aterram no Aeroporto di Pisa – Galileo Galilei, um aeroporto pequeno e bem pertinho do centro da cidade. Ir e vir do aeroporto é muito fácil e existem várias opções, incluindo ir a pé. Sim, a andar: o aeroporto encontra-se a apenas 1 quilómetro da principal estação de comboios. Daí, é mais outro quilómetro até ao rio Arno. Quando regressei ao aeroporto, fiz o percurso todo a pé. Mas sei que depois de uma viagem de avião e com malas atrás, queremos chegar ao local onde vamos dormir o mais rápido possível, por isso aqui estão as outras opções:
- Comboio – Saindo do aeroporto, bem à tua frente, vais encontrar uma estação de comboios chamada Pisa fermata Aeroporto. Neste momento ainda não está disponível, mas em Setembro de 2016 vai existir um comboio que ligará o aeroporto a Pisa Centrale (estação central da cidade). O trajecto durará aproximadamente 8 minutos e irá funcionar todos os dias entre as 6h00 e as 24h00. Até lá, existe um autocarro, o PisaMover.
- PisaMover – Em frente ao terminal das partidas, do lado esquerdo quando estás de costas para o aeroporto, encontra-se a paragem do PisaMover. De 10 em 10 minutos parte um autocarro que te leva do aeroporto até à estação de comboios Pisa Centrale, em 8 minutos. O serviço funciona todos os dias entre as 6h00 e as 24h00 e os bilhetes custam 1,30€ por trajecto. Podem ser compradas dentro do aeroporto ou nos quiosques, das 7h00 às 23h00. Também podem ser comprados no interior do autocarro, mas o preço aumenta para 2€. De volta para o aeroporto, o autocarro apanha-se perto da estação Pisa Centrale, ao lado da plataforma 14.
- Autocarro – A CPT (Compagnia Pisana Trasporti) liga o aeroporto ao centro da cidade de Pisa a cada 10 minutos, todos os dias entre as 5h20 e as 20h25. A linha LAM (Linea Alta Mobilitá) ROSSA passa nos principais pontos da cidade, incluindo a estação central e a Torre. O bilhete custa 1,20€ e é válido durante 1 hora em toda a rede da companhia. Pode ser comprado no balcão de informações no aeroporto ou nas máquinas de venda automática no terminal de autocarros, bem ao lado da área das chegadas.
Para além dos autocarros que ligam o aeroporto ao centro da cidade, existem outros que vão para as cidades de Firenze, Siena, Lucca, e Viareggi.
De Firenze (Florença)
Devido à proximidade entre as duas cidades, muitas pessoas decidem ficar em Firenze e reservam um dia para visitar Pisa, indo e vindo no mesmo dia. Não digo que não seja uma boa opção para quem tem o tempo contado e quer ver o máximo possível de Itália, mas Pisa é mais do que a Torre, e merece pelo menos dois dias para ser explorada.
Ainda assim, se tens Firenze como base, podes chegar a Pisa de comboio, pela Trenitalia. Existem comboios regionais que partem da estação Firenze S. M. Novella e param na estação Pisa San Rossore, que é a mais próxima da Torre. Também é possível chegar a Pisa pela estação Firenze Campo Di Marte, mas daí os comboios só param em Pisa Centrale. Os comboios são bastante frequentes, existindo mais do que um por hora, o percurso dura cerca de 1h30 e custa 8,40€. Também existem comboios rápidos, cuja viagem dura 1 hora, mas esses também só param mesmo em Pisa Centrale. Vê os horários no site da Trenitalia, onde também podes comprar os bilhetes, sempre com antecedência menor do que 7 dias. Escolhendo a opção ticketless, é só imprimir o e-mail e mostrar ao revisor já no comboio, durante a viagem.
Uma outra alternativa é utilizar o autocarro. A companhia Terravision liga as duas cidades por estrada. Os autocarros partem tanto da estação Firenze S. M. Novella como do Aeroporto di Firenze, sendo que a paragem é sempre feita no Aeroporto di Pisa. A viagem dura 1 hora e custa 4,99€.
De Roma
De Roma, existem muitos comboios, cujos percursos duram de 3 a 4 horas. Os preços dos bilhetes variam bastante, indo desde 18€ até mais de 50€ por trajecto. Esta variação ocorre por causa do tipo de comboio que se vai utilizar: se é regional e pára em várias estações intermediárias, ou se é um comboio rápido, como o Freccia Rossa. Existem comboios a partir de várias estações de Roma, por isso o mais fácil será fazeres uma pesquisa no site da Trenitalia e veres qual é a melhor opção para ti.
Por onde andei
Acho que as cidades devem ser exploradas a pé, pelo que foi esse o meio de transporte que utilizei em todos os trajectos. Pisa é uma cidade plana e relativamente pequena, que se percorre muito bem sem se utilizar outro transporte.
Dei corda aos sapatos e andei a passear pela Piazza del Duomo (ou Piazza/Campo dei Miracoli), onde subi à Torre di Pisa, entrei no Camposanto Monumentale, no Battistero di San Giovanni, na Cattedrale di Pisa e no Museo delle Sinopie. Maravilhei-me com a Piazza dei Cavalieri, e comi um gelato (ou dois, ou três…) enquanto observava o rio Arno. Percorri as ruas, ruinhas e ruelas da cidade, fui ao Museo degli Strumenti per il calcolo, ao Museo Nazionale di San Matteo e ao Parco Urbano Giardini Scotto.
No mapa abaixo podes ver os principais locais por onde passei (os que estão a verde têm mensagem no blogue, carrega para ver!), assim como a localização das estações de comboio e do aeroporto.
Tão útil! Nunca fui a Pisa mas está nos planos fazer essa zona de Itália nos próximos tempos. Como é que ainda não conhecia o teu blog?! Já percebi que amanhã também estarás pelo Bloggers Camp. Vemo-nos lá :p
Segui 😉
Aonde (não) estou
Obrigada! Fico tão contente de te ver por aqui! ?
Infelizmente só consegui ir mesmo a Pisa, mas o resto da região Toscana deve ser maravilhosa. Se fores, conta tudo! Até logo ?
Não é que tivesse visto muito mais mas.. entre Roma que é uma cidade com vistas com as quais estou mais que acostumada e a região Toscana… Venha a Toscana! "Férias" é mais isso para mim… Visitem também Siena e outras localidades… é lindo.
Também quero muito visitar Roma, mas a região Toscana tem um encanto especial, não é?