A província de Alberta, no Canadá, é impressionante. A natureza é imensa, e a sensação de que somos pequenos, muitos pequenos, é constante. As florestas verdes, os rios cristalinos, os lagos com cores sumptuosas, as montanhas imponentes… É uma natureza exuberante, esmagadora, que gosta de se mostrar, e que nos deixa encantados a cada passo que damos. Exagero? Talvez… Mas foi assim que me senti enquanto percorria o Hoodoos Trail, no Parque Nacional de Banff.
Depois de ter desbravado o Tunnel Mountain Trail durante as primeiras horas do dia, era altura de partir para a minha segunda caminhada. O Hoodoos Trail tinha um nome curioso, e essa foi uma das razões que me levou a querer explorá-lo.



Mas o que são hoodoos? Em português, chamam-se chaminés de fada, ou pirâmides de terra. Gosto particularmente do primeiro nome, que nos remete para mundos imaginários e fantasiosos. Chaminés de fada. Que denominação tão curiosa para formações rochosas.
O trilho começa junto às cascatas do rio Bow, com vista para o luxuoso Fairmont Banff Springs. Fui acompanhando o rio, até entrar numa pequena floresta. Rodeada de árvores, andei até chegar bem próximo das águas, sempre tendo em mente que teria de subir tudo o que desci. O percurso é linear, e não tinha outra forma de regressar ao centro de Banff.



Lá de baixo, com as montanhas em volta, sente-se uma calma avassaladora. O rio ia seguindo o seu caminho, sem pressas. As folhas das árvores balançavam suavemente, numa dança com o vento ligeiro que as beijava. Não havia mais ninguém a fazer aquele percurso, só eu a testemunhar aqueles momentos.
Após subir uma escadaria, cheguei até à estrada de alcatrão. Fiquei um pouco confusa, sem saber qual era a direcção a tomar. As placas, que até então tinham acompanhado o percurso, desapareceram. Pensei que, na falta de indicações, o melhor era seguir sempre em frente, e assim fiz.



Pouco tempo depois, ali estavam elas à minha frente, as chaminés de fada que tinha vindo conhecer. Ao meu redor, um grupo de pessoas corria até à vedação. A calma deu lugar ao barulho dos carros que chegavam ou saíam do parque de estacionamento. Um guia ia explicando o cenário, apontando para as montanhas envolventes e para o rio Bow lá no fundo. Tinha estado lado a lado com o rio, e agora via-o de cima, a uma distância considerável.
A admiração das pessoas era geral, mas a sua falta de consideração também. Aquele é um local para se contemplar em silêncio, apreciando o esplendor da natureza. Não ao som de música proveniente de colunas portáteis nem de gritos estridentes. O caminho até ali tinha sido feito apenas na minha companhia, e já me tinha habituado a ouvir somente os sons da floresta.




Admirei as chaminés de fada de várias perspectivas. É incrível o que a erosão, em conjunto com o tempo, conseguem fazer. Um dia, estas colunas de rocha não serão capazes de suportar os blocos que se encontram no seu topo. Aí, os hoodoos desaparecerão. Numa ida a Banff, vai vê-los, enquanto ainda estão por lá.
Guia prático
Como chegar
Banff não tem aeroporto. A cidade mais próxima com aeroporto internacional é Calgary. Há autocarros de Calgary para Banff todos os dias, de hora a hora. A viagem dura 2 horas. Os bilhetes são caros, mas fica consideravelmente mais barato do que ir de táxi. A empresa que eu utilizei foi a Banff Airporter. Gostei muito do serviço.
Também é possível alugar um carro em Calgary. Para visitar tudo o que o Parque Nacional de Banff tem para oferecer, esta é mesmo a melhor opção. Até porque alguns dos lagos mais bonitos são apenas acessíveis de carro, sendo que não há nenhum transporte público que vá até lá.
Eu comecei o trilho no Surprise Corner Viewpoint, que se encontra no topo da Buffalo Street. É facilmente acessível a partir do centro de Banff, e há um parque de estacionamento, onde se pode deixar o carro. Eu fui a pé desde a St. Julien Road, perto do Banff Centre for Arts and Creativity, porque foi lá que terminei o trilho anterior.
Do centro de Banff, são cerca de 20 minutos a pé até ao início do trilho. Deixo aqui o percurso.
Dicas
★ Mesmo no verão, leva roupa quente. Banff encontra-se a 1400 metros de altitude e apresenta um clima subárctico. A diferença entre as temperaturas mínima e máxima é grande. Em Agosto, a mínima ronda os 7ºC e a máxima os 22ºC.
★ Devido ao clima, é possível que fiques com os lábios e a garganta extremamente secos. Leva batom ou creme para os lábios e mantém-te hidratado.
★ Leva roupa e calçado confortáveis, de preferência de caminhada.
★ Veste-te em camadas. No início pode estar frio, mas vais aquecer com a caminhada.
★ Não te esqueças de levar água e comida. Naturalmente, não há caixotes do lixo por ali. Acho que não preciso de dizer, mas se a embalagem foi contigo, também volta contigo, não é?
Informação útil
★ Dificuldade: Média
★ Tipo de percurso: Linear
★ Extensão: 10,2 quilómetros (ida e volta)
★ Ganho de elevação: 200 metros
★ Tempo médio: 3h00/3h30
★ Percurso sinalizado
Mapa do percurso
Alojamento
Aquando da minha estadia em Banff, fiquei alojada no Banff International Hostel. Fiquei num quarto para 9 pessoas, em que 6 são beliches num primeiro andar, e depois há mais 3 camas num mezanino. A casa-de-banho é partilhada e, se alguém estiver a tomar banho, não é possível usar a sanita. Pareceu-me pouco para tanta gente. O pequeno-almoço está incluído. Podia estar mais a meio da Banff Avenue, mas a localização é boa.
A principal vantagem? É um dos alojamentos mais baratos de Banff. É caro para um hostel, mas é bem barato para Banff. Tudo o resto tinha preços proibitivos. Se o orçamento é uma preocupação, este é o sítio ideal. Havendo mais dinheiro, há muito mais opções! É só questão de procurar.
Banff e os fiordes da Terra Nova, incluindo St. John’s estão entre os meus dppis desejos de visitar no Canada e ainda em falta.
Vamos a isso, Carlos! É uma região tão bonita, espero que haja oportunidade para ir lá 😀