De tudo o que vi e vivi na Islândia, os glaciares foram, sem dúvida, o ponto alto desta viagem. E isto não é dizer pouco, porque toda a natureza islandesa impressiona. As cascatas, os vulcões, os desfiladeiros, as auroras boreais… É tudo magnífico. Mas os glaciares têm um lugar especial no meu coração.
Fiquei visivelmente impressionada com os glaciares Sólheimajökull (Mýrdalsjökull) e Vatnajökull, a ponto de os meus olhos se terem humedecido. É algo que não se explica, só estando lá é que se consegue realmente compreender.
No sul da Islândia, junto ao glaciar Vatnajökull, temos um dos fenómenos naturais mais impressionantes que alguma vez vi. É um espectáculo de uma beleza ímpar, mas que também é carregado de tristeza e, talvez, de uma certa nostalgia.
Os glaciares islandeses, assim como de tantos outros lugares, têm vindo a diminuir de tamanho nos últimos anos, devido maioritariamente às alterações climáticas.
À medida que o gelo vai derretendo, vão-se formando lagoas com o gelo que se desprende dos glaciares. Vamos conhecer uma delas, a lagoa glaciar Jökulsárlón, e a Praia dos Diamantes.

Lagoa glaciar Jökulsárlón
Até há menos de 100 anos, a lagoa glaciar Jökulsárlón não existia. O glaciar Breiðamerkurjökull, uma das línguas do glaciar Vatnajökull, estendia-se para além da Ring Road, a estrada que circula a Islândia. A lagoa ter-se-á formado por volta de 1935, alimentada pelo gelo que se desprendeu do glaciar.
Hoje, a lagoa tem uma área de aproximadamente 20 quilómetros quadrados e mais de 200 metros de profundidade. Um grande número de massas de gelo flutuantes andam por ali, independentes do seu glaciar pai, esperando que as correntes as levem para a costa.



Praia dos Diamantes
As massas de gelo, auxiliadas pelas correntes, acabam por chegar até à Praia dos Diamantes, do outro lado da Ring Road. À medida que vão diminuindo de tamanho, algumas dessas massas de gelo são empurradas para a praia pelas ondas.
Em contraste com a areia negra, estes diamantes de gelo formam um efeito visual incrível. O gelo que aqui vemos tem mais de 1000 anos de idade e, parece-me, terá uma morte demasiado prematura.
Estima-se que o glaciar Vatnajökull está a derreter a cerca de um metro por ano. Com o aumento de temperatura, cai menos neve e o glaciar vai derretendo. A magnífica Praia dos Diamantes representa o iminente desaparecimento de um dos glaciares mais fascinantes da Islândia.



Guia prático
Como chegar
A maneira mais prática de percorrer a Islândia é através de um carro (ou outro veículo) alugado. A lagoa glaciar Jökulsárlón e a Praia dos Diamantes encontram-se a 380 quilómetros de Reykjavík, o que corresponde a cerca de 5h a conduzir. Isto se se fizer o caminho de forma directa, claro, o que quase nunca é o caso, porque há outros locais a conhecer no caminho, e vai-se pernoitando noutras localidades.
A estrada está muito bem sinalizada e em boas condições. Tem apenas em atenção as condições climatéricas, especialmente se viajares durante o inverno. Ao chegar, existe um parque de estacionamento junto à lagoa, e dois parques secundários um pouco mais afastados.
Para se chegar à lagoa Jökulsárlón, também existem autocarros turísticos e passeios organizados. No entanto, o carro é a opção que te dará mais flexibilidade e é a que recomendo.
Alojamento
Como éramos um grupo de 6, decidimos ficar alojados em apartamentos em praticamente todos os locais da Islândia por onde passámos. Na noite antes de visitar a lagoa e a praia, ficámos alojados num bungalow incrível. No entanto, depois de visitar estes dois locais, continuámos para Este e fomos dormir a Reyðarfjörður, numa casa espaçosa.
Ambos os locais são bons, mas o bungalow superou todas as expectativas. Foi, sem dúvida, um dos meus alojamento preferidos na Islândia. No entanto, para grupos mais pequenos não justifica ficar num espaço com aquelas dimensões.
Se viajares com menos pessoas, de certeza que também vais encontrar boas opções de hotéis ou pousadas junto ao glaciar Vatnajökull e à lagoa Jökulsárlón. É só questão de procurar.
Alojamento perto da lagoa Jökulsárlón
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