Éramos 6 pessoas a olhar para a simpática funcionária do Banff Visitor Centre. O grupo, bastante ecléctico, era composto por uma portuguesa, uma brasileira, uma sérvia, um iraniano, um chinês e um francês. Tínhamos acabado de ser informados que não era possível visitar todos os lagos que queríamos de transporte público. A única solução? Alugar um carro. Para o próprio dia. Em Agosto.
Várias idas e vindas na Banff Avenue, e duas empresas de aluguer de veículos depois, partimos. Tínhamos conseguido o último carro onde cabíamos os 6. No mapa, a funcionária do centro de visitantes tinha-nos marcado 3 lagos que ela considerava inesquecíveis. Decidimos começar pelo mais afastado, e ir fazendo as paragens no caminho de regresso a Banff.
Sabíamos que não ia ser fácil ver os lagos. O fumo dos incêndios cobria o céu de Banff já há vários dias, não deixando ver as montanhas. A nossa esperança era que, mais a norte, não tivesse chegado nenhum dos quase 2000 fogos que destruíam terreno e floresta.
As fotografias que te mostro aqui não fazem justiça à beleza destes lugares. Infelizmente, o fumo cobria grande parte da paisagem. Incêndios no verão não são apenas uma realidade em Portugal. As províncias canadianas de British Columbia e Alberta são das que mais sofrem, e 2018 (quando fiz esta viagem) foi o pior ano de que há registo. Espero que tenhas oportunidade de ver estes lagos em toda a sua glória.
Peyto Lake
À medida que íamos avançando para norte, as montanhas começavam a ficar ainda mais cobertas de neve. Sim, era Agosto, mas estávamos a mais de 1400 metros de altitude num clima subárctico.
Ao ver a paisagem, a brasileira que ia connosco repetia diversas vezes “eu não acredito!”, em português. Só eu é que a entendia. Em momentos sentimentais, a nossa língua materna toma conta de tudo. Era a primeira vez que via neve.
Ao pararmos o carro no parque de estacionamento junto ao Bow Summit, a primeira coisa que fizemos foi brincar na neve. Mesmo para mim, que já tinha visto neve antes, foi empolgante. Mas o nosso objectivo ali era outro, e seguimos caminho.
Percorrendo o caminho entre o parque de estacionamento e o Bow Summit, no meio de árvores pintadas de branco, a minha expectativa ia aumentando. Já tinha ouvido falar na cor turquesa brilhante do Peyto Lake, causada pelas partículas de rochas glaciares que correm em direcção ao lago.
Ao chegar, a realidade ultrapassou toda a expectativa. Mesmo com fumo, o lago tinha uma cor impressionante. Era a primeira vez que via algo assim. As minhas fotografias nunca iriam fazer jus àquele turquesa glaciar.




Bow Lake
O Bow Lake surgiu na estrada como uma surpresa. Estava marcado no mapa, mas apareceu à nossa frente de forma totalmente inesperada. Do degelo do glaciar Bow surgiu este lago.
Ao contrário do que tinha acontecido no Peyto Lake, ali estivemos completamente sozinhos durante grande parte do tempo. Percorremos as margens do lago calmamente, observando a imponência das montanhas e a tranquilidade das águas.
Testámos a temperatura da água com a ponta dos dedos. Estava gelada. Será que alguém tinha coragem de entrar? Parecia-nos improvável. Todos estes lagos são tão frios que ninguém se atreveria a entrar, em nenhum deles. Em breve, íamos perceber que estávamos enganados.




Moraine Lake
O último lago do dia foi o Moraine Lake, ao qual chegámos já bastante tarde. O parque de estacionamento estava bem composto, mas havia alguns lugares. A maioria das pessoas estava a ir embora quando nós estacionámos. Foi a melhor hora para visitar este lago.
Quase tão popular como o Lake Louise, o Moraine Lake foi considerado Património da Humanidade pela UNESCO em 1985. Também ele é alimentado por um glaciar, pelo que a cor turquesa brilhante impera.
Quando nos aproximámos, vimos um rapaz a percorrer um tronco que ia até dentro do lago. Andava com confiança e, assim que chegou ao final do tronco, respirou fundo. Sem mais demoras, mergulhou. Um enorme arrepio percorreu o meu corpo, como se tivesse sido eu a entrar naquela água gelada.
Refeitos do choque de ver alguém a entrar naquela água, seguimos por um caminho que nos ia levar até ao topo de uma montanha. Daqui, teríamos uma vista completa do lago. Que lugar deslumbrante! Mesmo com todo aquele fumo, as cores eram mágicas. Decidi ali, sem qualquer dúvida, que aquele era o meu lago preferido.




Mas também não deixes de visitar o Lake Louise…
O Lake Lousie é, talvez, o lago mais conhecido de todo o Parque Nacional de Banff. É aquele que tem as melhores infraestruturas, e até há um hotel nas suas margens. O Fairmont Château Lake Louise costuma esgotar com bastante antecedência, e no verão está sempre cheio.
Toda a movimentação do hotel é transportada para a beira do lago, onde um grande número de famílias e casais passeiam. Por ter muito mais pessoas do que os outros lagos, senti que se perdia um pouco a sensação de se estar no meio da natureza.
No entanto, o Lake Louise é extremamente popular por alguma razão. A beleza do lugar é inegável. Mesmo cobertas de fumo, a presença das montanhas fazia-se sentir. Acredito que, havendo menos pessoas, o lugar seja ainda mais impressionante. Mas não temos o direito de dizer que está muito cheio quando nós também estamos lá, não é?




Guia prático
Como chegar
A melhor forma de visitar estes lagos é alugando um carro. Para o Lake Louise e para o Moraine Lake, há autocarros que fazem o trajecto. Para os outros lagos, não existem transportes públicos.
O carro oferece uma grande liberdade de horários, o que é extremamente vantajoso no Parque Nacional de Banff. Os lugares são extraordinários, e irás-te arrepender se tiveres de ir embora mais cedo porque tens um autocarro para apanhar.
Todos os lagos são facilmente acessíveis e estão marcados nos mapas e nas sinalizações da estrada. Os caminhos estão todos em muito boas condições, e não há portagens.
O estacionamento junto aos lagos é muito concorrido, em particular junto ao Lake Louise e ao Moraine Lake. Aconselho a que deixes esses lagos para o final da tarde ou para bem cedo de manhã, alturas em que há menos pessoas.
Dicas
★ Mesmo no verão, leva roupa quente. Banff encontra-se a 1400 metros de altitude e apresenta um clima subárctico. A diferença entre as temperaturas mínima e máxima é grande. Em Agosto, a mínima ronda os 7ºC e a máxima os 22ºC. Mais a norte, a temperatura mínima é ainda mais baixa.
★ Devido ao clima, é possível que fiques com os lábios e a garganta extremamente secos. Leva batom ou creme para os lábios e mantém-te hidratado.
★ Leva roupa e calçado confortáveis, de preferência de caminhada.
★ Veste-te em camadas. Mesmo que andes apenas um pouco junto dos lagos, vais aquecer com a caminhada.
★ Não precisas de fazer todos os lagos num só dia. Aliás, se tiveres tempo, até aconselho que os faças em dias diferentes. Todos os lagos têm percursos pedestres incríveis, pelo que eu aproveitaria para estar um dia inteiro junto de cada lago.
Mapa com os lagos
Alojamento
Aquando da minha estadia em Banff, fiquei alojada no Banff International Hostel. Fiquei num quarto para 9 pessoas, em que 6 são beliches num primeiro andar, e depois há mais 3 camas num mezanino. A casa-de-banho é partilhada e, se alguém estiver a tomar banho, não é possível usar a sanita. Pareceu-me pouco para tanta gente. O pequeno-almoço está incluído. Podia estar mais a meio da Banff Avenue, mas a localização é boa.
A principal vantagem? É um dos alojamentos mais baratos de Banff. É caro para um hostel, mas é bem barato para Banff. Tudo o resto tinha preços proibitivos. Se o orçamento é uma preocupação, este é o sítio ideal. Havendo mais dinheiro, há muito mais opções! É só questão de procurar.

Esta zona faz parte das duas zonas que mais desejo visitar no Canadá, meu país natal: Banff e Newfoundland com os seus fiordes.
Newfoundland não conheço, mas também deve ser impressionante. O Canadá é um dos países mais bonitos onde já estive 🙂 Espero que essa visita esteja para breve, Carlos! Regressar ao país natal e conhecer toda a beleza que ele contém.
Há muito que Banff está na minha mira, mas até agora ainda não se proporcionou. Na verdade, nunca fui ao Canadá e há algumas zonas como o Yukon ou a pequena Inuvit que tenho mesmo de conhever um dia. Obrigado pela partilha. Beijinhos e boas viagens.
Para quem gosta de natureza e actividades ao ar livre, o Canadá é um país maravilhoso! Tanto no verão como no inverno. Espero que a oportunidade apareça (de certeza que vai aparecer), porque vale mesmo a pena. Eu adorei, pelo menos 😉 Boas viagens!