Na cidade polaca de Wieliczka, a cerca de 15 quilómetros de Cracóvia, existe algo maravilhoso: uma das mais antigas minas de sal do mundo, classificadas como Património Mundial da UNESCO desde 1978. Habituada a ver salinas a céu aberto, o próprio conceito de minas de sal parece estranho. Como assim, minas… de sal? Tinha de ver por mim mesma.
Fomos cedo para a paragem de autocarro, onde o 304 nos iria levar de Cracóvia até Wieliczka. Enquanto esperávamos, ouvimos o nosso idioma: português, alguém estava a falar português! Fico sempre emocionada quando isso acontece. Era um casal brasileiro que, ao que viemos a saber, estava a viajar pela Europa com o filho e a nora. Naquele momento, tínhamos o mesmo destino: também eles iam visitar as minas. Durante os 30 minutos que durou a viagem, conversámos um pouco, partilhámos experiências, rimos juntos. Depois, cada um seguiu o seu caminho: as visitas às minas de sal são obrigatoriamente guiadas, e os nossos companheiros do outro lado do Atlântico iam fazer a visita em espanhol, enquanto que nós optámos pela visita em inglês.
Com a chuva a cair lá fora, passar as horas seguintes debaixo de terra parecia uma ideia agradável. Acompanhados de mais 30 pessoas (um número demasiado elevado para o meu gosto), com o guia a orientar, descemos os 350 degraus iniciais. A expectativa era muita, e só me apetecia correr por ali abaixo. Mas consegui controlar-me, e segui ordeiramente a multidão.
A espera não desiludiu. Durante as 3 horas que estive debaixo de terra, percorrendo quase 3 quilómetros e descendo 800 degraus, fiquei deslumbrada com as 20 galerias onde tudo era feito de sal: o chão, as paredes, o tecto… Assim como as estátuas e painéis que por ali se encontram. São dezenas de esculturas dentro da mina. Sim, esculturas de sal. Homenageiam santos e outras figuras bíblicas, personalidades que já visitaram a mina, e os próprios mineiros que por lá trabalharam (e ainda trabalham, uma vez que a mina se mantém activa).
Passei por lindas capelas, todas de diferentes tamanhos mas com um elemento comum: o sal como matéria-prima. Para além da própria rocha de sal, a mina é sustentada por uma impressionante estrutura em madeira. Ao passar de galeria em galeria, observei essa estrutura imensa e não pude deixar de ficar impressionada com tamanha perícia.
Quando a visita terminou e nos deixaram andar livremente, ainda debaixo de terra, aproveitámos para explorar mais um pouco, ver os diferentes tipos de sal, observar com atenção aquela vista impressionante à nossa volta. E claro, comprar sal como recordação. Um saquinho de sal proveniente de uma mina, para fazer companhia ao sal de salinas a céu aberto a que estou habituada – e o único que eu conhecia até então. Para me relembrar que, às vezes, aquilo que conhecemos é apenas uma pequeníssima parte do que existe, e há ainda muito mais para descobrir.
Nota: Eu fiz o percurso Tourist Route, mas existe um outro chamado de Miners’ Route, para quem quer aprender mais sobre os mineiros e as minas, numa visita em que os participantes também desempenham o papel de verdadeiros mineiros – com equipamento e tudo. As entradas são diferentes, assim como os preços.
Guia prático
Como chegar
De forma independente, e partindo de Cracóvia, existem duas maneiras de se chegar às minas: de comboio ou de autocarro.
De comboio
Existem comboios que partem da estação central Kraków Główny até à estação Wieliczka Rynek – Kopalnia. A viagem dura 20 minutos e não tem paragens. Utilizei este meio de transporte no regresso e é bastante eficiente, havendo comboios de meia em meia hora. Podes consultar os horários aqui e aqui.
De autocarro
O autocarro 304 parte de uma rua mesmo em frente à estação de comboios Kraków Główny, ao pé do centro comercial Galeria Krakowska. A saída é na paragem Wieliczka Kopalnia Soli. A viagem dura cerca de 30 minutos e há autocarros de meia em meia hora. Utilizei o autocarro no trajecto de ida, tive uma viagem tranquila e ainda conheci pessoas interessantes! Mas já ouvi relatos de que o autocarro enche muito durante o verão, e que fica impossível encontrar lugar para se ir sentado. Comigo isso não aconteceu, mas fui cedo para as minas.
Dicas
★ Leva roupa e calçado confortáveis, vais andar um bom bocado.
★ Há zonas na mina que estão adaptadas para cadeiras de rodas. Mas neste caso é melhor reservares a visita.
★ Não é má ideia levares um casaco, mesmo se fores no verão. A temperatura na mina ronda os 15º C.
★ Se quiseres tirar fotografias, há uma taxa de 10 zł (PLN) que tens de pagar. É perto de 2,5€, mas pessoalmente, acho que vale cada cêntimo (mesmo que as minhas fotografias não tenham ficado nada de especial).
Informação útil
★ Site: Wieliczka Salt Mine
★ Horário: todos os dias das 07h00 às 19h30 (1 de abril a 31 de outubro) || das 08h00 às 17h00 (2 de novembro a 31 de março)
★ Preço: 84 zł para estrangeiros || 64 zł para estudantes || os preços incluem guia e os bilhetes podem ser comprados online
★ Morada: Daniłowicza 10, 32-020 Wieliczka
Nota: para uma conversão actualizada de złoty para euros, vê o site xe.com.
Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
Estando tão perto de Cracóvia, o mais natural é que decidas encontrar alojamento lá em vez de em Wieliczka. Foi o que eu fiz: fiquei no Flamingo Hostel, bem no centro histórico da cidade de Cracóvia, e é um espaço que recomendo. Mas existem outras opções, até mesmo em Wieliczka, por isso pensa no que é melhor para ti tendo em conta o teu itinerário.
Meu Deus, estou fascinada!!
Em primeiro lugar, há que mencionar que – para mim – qualquer lugar que tenha o selo de aprovação da UNESCO é um lugar que tenho obrigatoriamente na minha lista para um dia vir a visitar!
Em segundo lugar, como te compreendo: pelas fotos, essas minas parecem ser incríveis, não sei como conseguiste conter a vontade de correr desenfreadamente por ali abaixo! 😉
Sou um pouco como tu, tenho imensa curiosidade em visitar os locais UNESCO! Até agora, nenhum me desiludiu (muito pelo contrário) 😉 Não tive alternativa a não ser controlar-me, as escadas não são muito largas e não queria atropelar ninguém 😀 Mas é um espaço incrível, espero que o ponhas na lista quando fores à Polónia.
Não conhecia! Claramente é impressionante. Que salas monstruosas, que esculturas bonitas 🙂 A única coisa vagamente (muito vagamente) semelhante que conheci foi a Gruta de las Maravillas, que no entanto não estava tão trabalhada por dentro. Esta de Espanha encontra-se muito mais em estado bruto. Este tipo de lugares deixam-me sempre com um nervoso miudinho, o facto de estar não-sei-quantos metros debaixo de terra dá-me uma sensação que varia entre o nervoso e o entusiasmo, haha!
Se fores à Polónia, é um desvio que aconselho muito! Se estiver nos teus planos ir a Auschwitz (é um verdadeiro murro no estômago, mas acho que é importante conhecermos o passado para não repetirmos os mesmos erros), quase de certeza que vais ficar em Cracóvia, e de Cracóvia até Wieliczka é um saltinho 😉 Ahah acho que nesta mina até te esqueces um pouco de que estás debaixo de terra. A maior parte dos espaços são bastante amplos, mesmo os corredores, e não tens aquela sensação de que está tudo muito apertado (eu pelo menos não tive).
Que porreiro! Na Colombia fomos a uma igreja de sal subterrânea e deve ter sido das coisas mais impressionantes que presenciei. O guia ficou connosco uma meia hora mas nós só saimos de la três horas depois hehe
Ja agora, foste a Auschwitz? Ando a ler muito sobre o assunto e agora quero ir lá, talvez ainda este ano =)
Que interessante, tens de dizer onde é para eu dar lá um salto quando for à Colômbia! 😀
Fui sim, a principal motivação para ir a Cracóvia foi mesmo ir a Auschwitz. Fui a Auschwitz I e Auschwitz II – Birkenau , mas digo-te já que não é uma visita fácil (tenho de escrever sobre isso por aqui, não é? 😛 ). No entanto, considero que é importante, para que o passado não se repita.
[…] a cidade que explorei foi Cracóvia. Também dei um salto a Wieliczka, para conhecer as incríveis minas de sal (se puderes, vai lá! Prometo que vale a […]
[…] é uma cidade a cerca de 15 quilómetros de Cracóvia, onde existe uma das mais antigas minas de sal do mundo. Se forem como eu, habituada a ver salinas a céu aberto, o próprio conceito de minas de sal […]
[…] tinha uma parceria com o operador turístico See Krakow, que realiza visitas a Auschwitz e às incríveis minas de sal de Wieliczka. Nunca utilizo agências ou operadores turísticos nas minhas viagens, mas como tinham vagas para […]
Visitei as minas de sal há mais de 10 anos com os meus pais e foi uma experiência incrível.
Nunca tinha estado num sítio destes, foi espectacular.
Mais recentemente estive nas minas da Roménia, mas estas minas de sal da Polónia são mais espectaculares.
Foi bom recordar isto com o teu texto e fotografias. 🙂
Estas minas de sal são maravilhosas, não é? É extraordinário o que se pode encontrar debaixo de terra.
Estiveste na Salina Turda? Também fui, mas, como dizes, estas são muito mais incríveis 🙂
Sim, é extraordinário ver o que existe lá por baixo e, sobretudo, imaginar como foi possível construir-se/esculpir tudo aquilo que se vê lá por baixo. 🙂
Sim, Salina Turda, que já não me lembrava do nome. 🙂
Pois é, as coisas maravilhosas que se fazem com sal! 😮
Completamente! 🙂