Para visitar o interior da Mongólia, decidimos recorrer a uma agência (explico o porquê no primeiro artigo sobre esta viagem). Como quase todas as opções de alojamento em Ulaanbaatar, o Danista Nomads Tour Hostel (onde ficámos alojados) tem uma vasta gama de visitas organizadas pela Mongólia. Tendo em conta o tempo que tínhamos disponível, escolhemos o circuito 4 days full of adventure. Dividi o relato destes dias maravilhosos em vários artigos:
- Pelo interior da Mongólia: dia 1 no país dos nómadas
- Pelo interior da Mongólia: dia 2 no país dos nómadas (este artigo)
- Pelo interior da Mongólia: dia 3 no país dos nómadas
- Pelo interior da Mongólia: dia 4 no país dos nómadas
- Sobre as agências e visitas organizadas na Mongólia
Tudo a postos para irmos descobrir a Mongólia?
Karakorum e Mosteiro de Erdene Zuu (UNESCO)
Na manhã do segundo dia, um frio gelado fazia-se sentir. Sarou, a nossa guia e tradutora, preparou-nos o pequeno-almoço. Bem alimentados, despedimo-nos da família nómada que nos acolheu, entrámos na carrinha e preparámo-nos para os solavancos que aí vinham. Afinal de contas, já estávamos conscientes de que não iríamos percorrer estradas convencionais.
O dia ia começar com uma visitar à antiga cidade de Karakorum, aquela que foi a capital do Império Mongol entre 1235 e 1260. Localizada na margem direita do rio Orkhon, a cidade foi destruída em 1380. Hoje, é apenas possível ver alguns vestígios dessa cidade imperial (muito poucos, na realidade).
Cerca de dois séculos depois da destruição de Karakorum, foi construído o Mosteiro de Erdere Zuu mesmo ali ao lado. O templo foi mandado construir em 1585 por Abtai Sain Khan após o seu encontro com Dalai Lama. Na altura, o budismo tibetano tinha sido declarado como religião oficial da Mongólia. O mais curioso é que algumas pedras da antiga cidade de Karakorum foram utilizadas na sua construção!
Erdere Zuu manteve-se activo até 1939, tendo chegado a abrigar 1000 monges. Nessa altura, o líder comunista Khorloogiin Choibalsan ordenou a sua destruição. No entanto, Stalin terá pressionado Choibalsan para manter o mosteiro, para que pudesse ser visitado por personalidades internacionais. Em 1947, o espaço foi então convertido em museu, deixando de ter qualquer actividade religiosa. Após a queda do regime comunista na Mongólia em 1990, o mosteiro voltou a ser entregue aos lamas e tornou-se novamente num lugar de culto. Hoje, é um mosteiro budista activo, mas que pode ser visitado.
Paisagem Cultural do Vale do Orkhon (UNESCO)
Karakorum e o Mosteiro Erdene Zuu fazem parte da Paisagem Cultural do Vale de Orkhon, considerado Património Mundial da UNESCO desde 2004. Mas este sítio UNESCO oferece muito mais: com perto 122 mil hectares, engloba uma extensa área de pastagens em ambas as margens do rio Orkhon, o mais longo da Mongólia. Este rio nasce nos montes Khangai e segue para norte durante 1 124 quilómetros, onde se junta ao rio Selenga. Aí, vai em direcção à Rússia e ao magnífico Lago Baikal, no sul da sibéria.
Para além da paisagem natural, o vale do Orkhon inclui ainda vestígios arquitectónicos que remontam ao século VI. Este conjunto de espaços reflecte a ligação entre as sociedades nómadas, ainda tão presentes na Mongólia actual, e os seus centros administrativos e religiosos.
Cascata Ulaan Tsutgalan
Depois de percorrermos quilómetros pela estepe mongol, e sermos presenteados com paisagens incríveis, era altura de nos dirigirmos ao local onde íamos passar a noite. Bem lá ao pé, encontra-se a Cascata Ulaan Tsutgalan. A cascata tem 10 metros de largura e 20 de altura.
Acampamento nómada
A noite ia ser passada num ger, propriedade de uma família nómada com a qual bebemos chá com leite. Este acto de beber chá com leite é muito comum na Mongólia, mas o chá é um pouco diferente daquilo a que estamos habituados em Portugal. Chama-se suutei tsai (сүүтэй цай), e inclui água, chá verde, leite e sal. Sim, sal, não é açúcar. Para além dessa diferença, o leite não é tipicamente de vaca, mas sim de outros animais como iaques, camelos, cavalos, cabras e ovelhas. Não é para todos os paladares.
Neste acampamento, todo o espaço era claramente mais turístico do que aquele onde tínhamos passado a primeira noite. Havia mais do que uma casa-de-banho – embora na mesma lógica de ripas de madeira – e muito mais gers para os visitantes dormirem. Duvido que fosse, na realidade, um acampamento nómada. Tudo parecia bem mais permanente.
Desta vez, o nosso ger tinha um local onde podíamos lavar as mãos. Sem canalização, claro, era apenas um reservatório com água. Locais para tomar banho continuavam a não existir. A paisagem, essa, continuava a deixar-nos sem palavras.
Como no dia anterior, Sarou preparou-nos o jantar, que comemos de bom grado. Passado pouco tempo fomos para a cama, na esperança de que a dormir o tempo passasse mais depressa. A ânsia era grande, no dia seguinte íamos andar a cavalo!
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Há uns dois anos andava com a panca de ir a Mongólia… depois, não sei bem porquê, passou-me e nunca fui. Este teu post fez-me reavivar as memórias. Que paisagens incríveis! E quero muito ficar num acampamento nómada! 🙂
A Mongólia é um país lindo! 😀 Recomendo a toda a gente, em particular aos amantes de natureza. O país tem uma paisagem natural mesmo bonita, e o melhor é que apanhas de tudo um pouco: planícies, montanhas, rios, lagos, e até um deserto com dunas! Dormir num ger é uma experiência interessante (e as famílias são extremamente acolhedoras), mas se fores no verão leva roupa para verão e e um bom casaco de inverno 😉 Durante o dia está muito calor, mas durante a noite faz imenso frio (e olha que eu sou calorenta…)
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