Sabias que o Parque Nacional Þingvellir (Thingvellir), considerado Património Mundial pela UNESCO em 2004, é um dos locais mais importantes da Islândia, tanto a nível histórico como geológico?
Foi no actual Parque Nacional Þingvellir que o Parlamento da Islândia foi fundado em 930. O Alþingi (Althingi), como é chamado em islandês, reunia-se todos os anos para proclamar leis e julgar alegados criminosos. O Parlamento manteve-se a funcionar a céu aberto (e sem interrupções!) até 1798, altura em que foi transferido para Reykjavík. Assim, este local está intimamente ligado à própria identidade islandesa.
Apesar da história do Parlamento ser fascinante, foi a importância geológica do Parque Nacional Þingvellir que mais me impressionou. Aqui, podemos caminhar entre os continentes americano e europeu! Como? Bom, o Parque está localizado entre as placas tectónicas da América do Norte e da Eurásia, num vale envolto por montanhas.



O Vale de Almannagjá, a Igreja Þingvallakirkjá e a Cascata Öxarárfoss
O Parque Nacional Þingvellir tem uma série de falhas geológicas, incluindo o Vale de Almannagjá. Aqui, devido à localização das placas tectónicas, estamos a caminhar entre dois continentes. As placas não estão estáticas, e estão-se a afastar uma da outra a uma estimativa de cerca de 5 mm por ano.
Caminhando ao longo do Vale de Almannagjá, vamos ver a Þingvallakirkjá (Thingvallakirkjá), uma das primeiras igrejas islandesas. A igreja que hoje existe foi construída em 1859 com madeira norueguesa, mas a igreja original data de 1017.
Um pouco mais à frente, seguindo um trilho muito fácil de percorrer, encontramos o rio Öxará, que nos leva até à cascata Öxarárfoss. A cascata tem cerca de 20 metros e é cercada por basalto escuro. Embora não seja das cascatas mais impressionantes da Islândia, o contraste da água com o basalto é inesquecível.
A combinação da geologia única e da paisagem natural do Parque Nacional Þingvellir fazem dele um local realmente especial para amantes de natureza.



O imperdível mergulho com snorkel em Silfra
O Parque Nacional Þingvellir está localizado sobre o Lago Þingvallavatn (Thingvallavatn), que é o maior lago da Islândia. O lago é alimentado por águas subterrâneas que fluem através das falhas geológicas do parque. Numa das pontas do lago, temos Silfra, uma fenda formada pelas placas tectónicas divergentes, e um dos melhores pontos para mergulho com snorkel.
Não é permitido mergulhar sem guia. Nós fomos com a Adventure Vikings, na opção drysuit. Um drysuit é um tipo de roupa de mergulho que nos mantém secos (mesmo!) e aquecidos durante atividades subaquáticas em águas frias, como é o caso em Silfra: a água está entre 2 a 4 graus Celsius o ano todo.
O fato é feito de material impermeável e é selado no tornozelo, punho e pescoço para evitar que a água entre no interior. Por isso, neste tipo de mergulho vamos com roupa por baixo e fica tudo seco! Meias, calças, camisolas, tudo bem quentinho.
Antes do mergulho, a equipa da Adventure Vikings explicou todo o processo, e como devemos usar o equipamento. Ajudaram-nos a vestir e apertar o drysuit, assim como a máscara de mergulho, o snorkel, e as luvas de mergulho. As luvas são ponto fraco de todo o equipamento, porque não são impermeáveis. Se mexermos muito as mãos durante o tempo em que estamos na água, vamos sentir frio.
Cada guia vai com 6 pessoas de cada vez. Como éramos um grupo de 6, fomos todos juntos com o guia Luis, mexicano a viver na Islândia há uns anos. Durante o mergulho, Luis foi tirando fotografias, que ficaram disponíveis para transferirmos passado uns dias.
As águas cristalinas de Silfra são alimentadas por águas subterrâneas filtradas através de rochas vulcânicas. Como a água é filtrada naturalmente, é 100% adequada para consumo. Podemos simplesmente beber a água enquanto estamos a nadar! A água tem uma visibilidade incrível até 100 metros, o que permite uma visão clara da paisagem subaquática e das falhas geológicas.
Eu recomendo imenso esta experiência, vai-te deixar com memórias inesquecíveis da Islândia. Como Silfra está localizada no limite das placas tectónicas da América do Norte e da Eurásia, na prática estamos a nadar entre dois continentes! Se tiveres tempo e orçamento disponíveis, não percas a oportunidade de nadar nestas águas e ver a paisagem subaquática única do Parque Nacional Þingvellir.



Guia prático
Como chegar
De carro e a partir de Reykjavík, é muito fácil chegar ao Parque Nacional Þingvellir, uma vez que se situa a menos de 50 quilómetros do centro. A maneira mais prática de percorrer a Islândia é através de um carro alugado.
De carro, o Parque encontra-se a cerca de 45 minutos a leste da capital islandesa. As estradas estão muito bem sinalizadas e em boas condições. Ao chegar ao Parque, existem vários parques de estacionamento, sendo que o mais próximo para quem for fazer o mergulho em Silfra é o P5. Tem apenas em atenção as condições climatéricas e de estrada, especialmente se viajares durante o inverno.
Para se chegar ao Parque Nacional Þingvellir, também existem autocarros turísticos e passeios organizados. A própria Adventure Vikings tem uma opção com transporte para quem pretende apenas realizar o mergulho em Silfra. No entanto, o carro é a opção que te dará mais flexibilidade e é a que recomendo.
Informação útil
Site: Parque Nacional ÞingvellirPreço estacionamento: 750 ISK (~5,5€) para um carro até 5 lugares no parque P5 (preços detalhados)
Preço mergulho com snorkel: 18 990 ISK (~129€) para mergulho com drysuit (preços detalhados)
Morada: Þingvellir National Park, Þingvellir, 801, 806 Selfoss
Nota: Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
Como éramos um grupo de 6, decidimos ficar alojados em casas em praticamente todos os locais da Islândia por onde passámos. Na noite antes de visitar o Parque Nacional Þingvellir, ficámos alojados num apartamento em Reykjavík. No entanto, depois de visitar o Parque, continuámos para Este e fomos dormir a Selfoss, numa pequena casinha pré-fabricada.
Ambos os locais são bons, mas com pouco espaço para um grupo de 6 pessoas. O facto de só ter uma casa-de-banho torna mais lento todo o processo de nos arranjarmos de manhã, por exemplo. No entanto, grupos mais pequenos não terão qualquer problema, e os alojamentos eram muito confortáveis.
Se viajares com menos pessoas, de certeza que também vais encontrar boas opções de hotéis ou pousadas em Reykjavík. É só questão de procurar.
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