Passadiços do Paiva Portugal Mundo Indefinido

Duas caminhadas memoráveis, nos Passadiços do Paiva

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Mal descobri que os Passadiços do Paiva existiam, soube que os queria percorrer. Uma caminhada no meio da natureza, sempre acompanhada pelo rio Paiva, tinha tudo para me fazer feliz. Assim, escolhi um fim-de-semana, comprei os bilhetes, e fiz-me ao caminho.

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Após passar pelo segurança, que verificou as reservas e nos desejou uma boa caminhada, rapidamente me apercebi que o preço cobrado estava longe de ser justo. Por 1€, tinha à minha frente uns belíssimos passadiços de madeira, ainda mais bonitos do que tinha imaginado. Eram esses passadiços que me iriam permitir seguir o rio Paiva, de Espiunca até Areinho.

Mais tarde, quando percorri o Caminito del Rey, verifiquei que o país vizinho cobra dez vezes mais por um tipo de infraestrutura similar. Sim, os Passadiços do Paiva têm um valor irrisório. Teria pago mais do que 1€, de bom grado, para ajudar na preservação do espaço. Afinal de contas, os passadiços já precisaram de ser restaurados, devido a incêndios.

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O dia estava quente, sem nenhuma nuvem no céu. Os primeiros 4 quilómetros seriam planos, mas nem por isso fáceis de percorrer. O chapéu que eu levava não era suficiente. Ao longo do percurso, há várias zonas sem sombra, e o sol estava implacável. A vista, essa, era deslumbrante. O verde das árvores misturava-me de forma harmoniosa com a rocha cinzenta.

A meio do caminho, resolvemos parar na Praia Fluvial do Vau. Muitas pessoas faziam o mesmo, recuperando energias com uma pequena merenda, e refrescando-se nas águas calmas do rio. O riso das crianças ecoava por entre as árvores. Ficámos perto de meia hora, a observar a paisagem e a dar um descanso merecido aos nossos pés.

Assim que nos sentimos revigorados, voltámos ao percurso. Fomos andando tranquilamente, até que chegámos ao meu maior inimigo. Ali estavam elas, as escadas sobre as quais já tinha ouvido tantas histórias. Belas, imponentes, diabólicas.

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Demorei o meu tempo a subir aquelas escadas. As minhas pernas reclamavam, desejavam que a subida terminasse. Fiz várias pausas, enquanto grupos de pessoas passavam rapidamente por mim. Estava tudo bem, não era uma corrida. Cada um ao seu ritmo. Um a um, calmamente, os degraus foram sendo vencidos. E eis que consegui chegar ao topo!

Agora, era altura de descer pelo outro lado. Mas descer sempre foi a minha especialidade, em qualquer tipo de terreno. Fi-lo com a maior das facilidades, contrastando gritantemente com o esforço da subida.

Da segunda vez que percorri os Passadiços do Paiva, ia muito melhor preparada. A caminhada foi mais tranquila, e as temíveis escadas foram facilmente vencidas. Em vez de ir apenas numa das direcções, como da primeira vez, o percurso foi de ida e volta.

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Ao regressar pelo mesmo caminho, queríamos provar que tínhamos percorrido todos os quilómetros dos passadiços. No Areinho, ali estava ele, o número 0, a marcar o início do percurso. O quilómetro 1 rapidamente foi encontrado e, passado pouco tempo, a placa com o número 2 aparecia.

Fomos andando, andando, andando… Continuámos a caminhar durante um bom bocado. A minha noção do tempo dizia-me que já deveríamos ter passado pelo número 3. Onde é que ele estava? Não era possível que não o tivéssemos visto!

Continuámos sempre em frente, até que o número 4 apareceu. As minhas suspeitas estavam certas, já tínhamos passado pelo 3. Junto à Praia Fluvial do Vau, perguntei a um segurança que por lá se encontrava: “sabe o que aconteceu ao quilómetro 3?” Olhou para mim um pouco desconfiado, mas expliquei-lhe o porquê da minha pergunta. Rapidamente rasgou um sorriso, e informou-me que uma parte do percurso tinha sido restaurada havia pouco tempo.

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Entre a minha primeira e a minha segunda visita, um incêndio tinha destruído parte da estrutura, que teve de ser refeita. Na reconstrução, a marca do terceiro quilómetro deve ter ficado esquecida. Se lá fores, procura por ela. Gostava de saber se entretanto voltou.

Melhor ainda, vamos procurá-la juntos. Porque, como se costuma dizer, não há duas sem três. Encontramo-nos em Arouca, num destes dias?

Guia prático

Como chegar

Os Passadiços do Paiva localizam-se na margem esquerda do Rio Paiva, em Arouca (distrito de Aveiro). Pode-se aceder por qualquer das extremidades, em Espiunca ou no Areinho. Para Espiunca, as coordenadas GPS são as seguintes: 40°59’34.67″N 8°12’41.19″W. Já para o Areinho, as coordenadas são estas: 40°57’9.68″N 8°10’33.05″W.

A melhor forma de se chegar aos Passadiços do Paiva é de carro. Deixo abaixo as saídas da estrada para as diferentes origens.

Norte (via A1): Saída Santa Maria da Feira > São João da Madeira > Vale de Cambra > Arouca > Areinho

Norte (via A32): Saída Carregosa/Pindelo > Vale de Cambra > Arouca > Areinho

Sul (via A1): Saída Estarreja > Oliveira de Azeméis > Vale de Cambra > Arouca > Areinho

Interior (via A25): Saída Porto A1 > Oliveira de Azeméis > Vale de Cambra > Arouca > Areinho

Dicas

Compra os bilhetes online. É metade do valor da compra no local, e evitas algumas filas. Os bilhetes online custam 1€ em época baixa e 2€ de Abril a Outubro.
★ O bilhete é válido tanto para ida como para ida e volta. O preço é o mesmo.
★ O percurso no sentido Areinho-Espiunca é menos fisicamente exigente. No entanto, se fores fazer ida e volta, é aconselhável iniciar o percurso na Espiunca (foi onde comecei em ambas as vezes).
★ Há parques de estacionamento nos dois extremos do percurso. São gratuitos.
★ Se fores em grupo, com dois carros, e estiverem a contar fazer apenas uma das direcções, deixa um carro em Areinho e o outro em Espiunca. Assim, não precisas de utilizar os táxis que ligam as duas entradas.
★ Existem casas-de-banho e bares em ambas as extremidades, assim como a meio do percurso, junto à Praia Fluvial do Vau.
★ Leva roupa e calçado confortáveis, de preferência de caminhada.
★ Não te esqueças de levar água e comida, assim como chapéu e protector solar.
★ Se possível, começa a caminhada de manhã cedo, e tenta evitar dias muito quentes.

Informação útil

Dificuldade: Média (por causa da distância)
Tipo de percurso: Linear
Extensão: 8,7 quilómetros
Tempo médio: 2h30 / 3h00 (só ida)
Percurso sinalizado

Alojamento

Da primeira vez que percorri os Passadiços do Paiva, fiquei alojada um pouco longe, nas maravilhosas Douro Suites. Da segunda vez, como fomos um grupo relativamente grande, resolvemos ficar na Casa do Volfrâmio, em Arouca. Mas existem boas opções, especialmente de casas rurais, em Arouca.

Se fores de longe, aconselho a ires no dia anterior, aproveitares para descansar no alojamento, e começar a caminhar bem cedo no dia seguinte.

Alojamento em Arouca

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