Quando estive pela primeira vez em Budapeste, em 2015, o tempo e o orçamento disponíveis fizeram com que fosse impossível passar umas horas nas termas. Prometi que, num regresso à cidade, iria aproveitar para ir a banhos. Quis o acaso que, em 2017, eu retornasse à capital húngara. A promessa ia-se fazer cumprir mais cedo do eu que tinha imaginado.
A Hungria é um destino popular para quem procura uma ida às termas. Budapeste tem cerca de 125 nascentes de águas termais, cujas temperaturas podem atingir os 58 °C! Muitos turistas e locais procuram os benefícios destas águas. Devido à sua alta concentração de cálcio, magnésio e bicarbonato de sódio, ajudam a curar várias doenças, havendo tratamentos prescritos por médicos.
Conhecer os banhos termais de Budapeste é muito mais do que ir a uma piscina. Para mim, faz parte da experiência cultural desta cidade. Afinal de contas, já os romanos aqui se banhavam, assim como os turcos, aquando da ocupação pelo Império Otomano. Ainda há alguns complexos dessa época, como as termas Rudas, Veli Bej, e Király.
Quando estávamos a escolher em qual das termas é que íamos passar o dia, duas chamaram-nos à atenção. São, muito provavelmente, os locais mais conhecidos de Budapeste: os banhos termais de Széchenyi e as termas Gellért. Uma das razões que nos levou a escolher Gellért em detrimento de Széchenyi foi mesmo a beleza do edifício.
O complexo das Termas Gellért
Situadas do lado de Buda, as termas fazem parte do Hotel Gellért, cujo edifício é de 1918. Em 1927 e 1934 realizaram-se obras de ampliação, em particular para competir com Széchenyi. O complexo termal é hoje constituído por 2 piscinas exteriores e 6 interiores, todas com diferentes temperaturas e propósitos. Há ainda saunas, banhos turcos, e massagens para todos os gostos.
(via Gellért Thermal Bath)
O edifício é muito bonito, em arte nova (art nouveau) e cheio de detalhes curiosos. O tecto em vidro, mal se entra, tem vitrais coloridos, que deixam passar a luz de forma discreta. Esta área é também onde se encontram as bilheteiras, e está aberta a qualquer pessoa. Mesmo quem não vá às termas, vale a pena entrar, só para admirar o tecto.
Balneários: cabines ou cacifos?
Ao comprar os bilhetes para as termas, existem duas opções: com cabine ou com cacifo. Não há opção sem nenhum dos dois. Quais são as principais diferenças? O bilhete com cacifo é mais barato, mas os cacifos apenas servem para guardar os pertences. As trocas de roupa terão de ser feitas num balneário comum. Os balneários são apenas femininos e apenas masculinos, não havendo mistos.
O bilhete com cabine é mais caro, mas também oferece mais privacidade. As cabines permitem que se troque de roupa de forma privada e também servem para guardar os pertences. A zona das cabines é comum a ambos os sexos, e uma cabine dá perfeitamente para 2 ou 3 pessoas.
Quando se compra massagens ou outro tipo de tratamentos, muitas vezes não há opção e apenas está disponível a cabine. Foi o que aconteceu connosco, em que duas pessoas compraram bilhete com massagem. Nós, que no total éramos 5, aproveitámos e utilizámos as 2 cabines. Ao comprar o bilhete, é-nos dada uma pulseira, que se utiliza numa máquina que faz a atribuição da cabine. Depois, é só aproximar a pulseira do leitor da porta, e entrar.
Piscinas exteriores
No exterior há duas piscinas e uma sauna, assim como cadeiras, espreguiçadeira e chapéus-de-sol. A piscina de ondas é a maior de todo o complexo e encontra-se no centro do espaço exterior. Tem esse nome porque tem ondas de hora a hora, cuja duração é de aproximadamente 10 minutos. Antes de começarem há um aviso sonoro e, nesse instante, a piscina é invadida por pessoas que querem aproveitar as ondas artificiais. O acesso à piscina é sazonal, funcionando entre Maio e Outubro. A água está a 26 ºC.
Ainda no exterior, encontra-se a piscina de aventura (adventure pool). É relativamente pequena e, ao princípio, não percebi o porquê desse nome. Só quase no final do dia é que me apercebi que, tal como a piscina de ondas, esta também tem coisas a acontecer de tempos a tempos. Aqui, há jactos de água numa das laterais. A água está a 36 ºC.
Mesmo ao lado da piscina de aventura, encontra-se uma sauna. Ao entrar, deve-se enrolar a toalha na cintura e deixar os chinelos à porta. Cá fora, existe um tanque de água gelada, para mergulharmos depois de sairmos da sauna. Sinceramente, não fiquei fã. Dou-me mal com ambientes tão quentes, e não me senti muito confortável lá dentro.
Piscinas interiores
O que mais gostei em Gellért foi o seu interior. As paredes estão decoradas com pequenos mosaicos e existem lindíssimas colunas em mármore. A piscina principal, rodeada pelas tais colunas, é de natação. As pessoas estão mesmo a nadar e não apenas a relaxar na água. De tempos a tempos, há aulas de hidroginástica. Para se entrar nesta piscina é obrigatório usar touca. A água está a 19 ºC.
Mesmo em frente à piscina principal, encontra-se uma piscina termal um pouco pequena. Em dias de maior afluência, fica cheia muito rapidamente. A água está a 36 ºC.
Há mais 4 piscinas termais, assim como duas zonas para banhos turcos. Nas piscinas termais a água é bastante quente. Duas delas até são agradáveis, estando a 35 ºC e 36 ºC, havendo uma sensação de relaxamento. Nas outras duas – a 38 ºC e 40 ºC – estava um calor abrasador e confesso que me senti a nadar numa sopa…
O espaço das piscinas termais é notável. As paredes estão enfeitadas com mosaicos, há pequenas estátuas e outros elementos decorativos. Sem dúvida que, do ponto de vista arquitectónico, estas termas são uma riqueza.
Algo que achei muito interessante nestas termas foi a acessibilidade. Tanto a piscina interna como algumas piscinas termais têm uma cadeira, que serve para ajudar pessoas com mobilidade reduzida a entrar na água. Estes pormenores fazem toda a diferença.
E tu, já foste a Budapeste? Já conhecias estas termas?
Guia prático
Como chegar
As Termas Gellért ficam muito perto da ponte Szabadság, do lado de Buda. Mesmo ao lado, encontra-se a estação de metro Szent Gellért tér (M4, verde), assim como a estação de eléctricos com o mesmo nome. Podes apanhar os eléctricos 19, 41, 47, 48, 49 ou 56. Não há como enganar.
Dicas
★ Os bilhetes podem ser comprados para o dia todo ou para meio dia. Em qualquer dos casos, aconselho a ires cedo.
★ Não te esqueças de levar toalha, chinelos, fato-de-banho (biquínis são aceites) e protector solar.
★ Na piscina interior é obrigatório o uso de touca. Se não tiveres, eles vendem e alugam.
★ Podes (e deves) levar comida e bebida. Apesar de existir um bar dentro do recinto, os preços são inflacionados.
Informação útil
★ Site: Gellért Thermal Baths
★ Horário: Todos os dias das 6h00 às 20h00
★ Preço: Entre 5300 Ft e 5900 Ft || preços detalhados
★ Morada: Kelenhegyi út 4, H-1118 Budapest
Nota: para uma conversão actualizada de forint húngaros para euros, vê o site xe.com.
Horários e preços à data de publicação deste artigo.
Alojamento
Fui a Budapeste duas vezes, e em cada uma delas fiquei em sítios diferentes. Na primeira vez, éramos 2 e ficámos num hostel, o Avenue Hostel. Na segunda vez éramos 5, e escolhemos um apartamento, o Boutique Design Studio, porque ficava mais em conta. Ambas as opções foram muito interessantes a nível de preço, bem localizadas, e com transportes à porta. Mas Budapeste tem imensas opções de alojamento, para todos os gostos e carteiras.
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Gostava muito de ir a Budapeste ( eu gostava de ver o mundo todo na verdade xD, de uma ponta à outra) , e depois de ler este post ainda com mais vontade fiquei :). Essas termas parecem ser o paraíso, deve ser surreal estar a relaxar num sítio tão bonito, com paredes com mosaicos tão bonitos.
R: Gostava de saber mais acerca da escritora que falaste no meu blog :). Que livros me aconselhas?
Ahah temos o mesmo “problema”, então! Também quero conhecer o mundo todo 😀 As termas são muito bonitas, e a temperatura da água dá mesmo uma sensação de relaxamento!
R: Respondi-te lá 🙂
[…] A ponte Szabadság, ou ponte da liberdade, tem uma estrutura de ferro pintada na cor verde. A par com a ponte Széchenyi Lánchíd, também é das mais conhecidas de Budapeste. A sua construção foi concluída em 1899. Bem perto da ponte, no lado de Buda, encontram-se as Termas Gellért. […]