[A minha máquina fotográfica, que já tem muitos anos de utilização, resolveu pedir-me a reforma. Assim, as fotografias deste artigo são todas do João, que fez esta viagem comigo.]
Há, no Luxemburgo, uma região chamada Müllerthal, devido à cidade com o mesmo nome. No entanto, a zona é carinhosamente apelidada Petite Suisse (Pequena Suíça). Ali, encontram-se 112 quilómetros de magníficos caminhos entre florestas praticamente inalteradas pelo Homem. É o trilho de Müllerthal.
O trilho está dividido em 3 grandes rotas. Para além dessas, existem mais 4 que são consideradas “extra”, embora também façam parte deste conjunto de caminhos.
Como adoro fazer caminhadas, é natural que esta região tenha ficado logo na lista de locais a visitar no Luxemburgo. Tínhamos algumas horas antes de apanhar o avião de regresso a Lisboa, então escolhemos fazer uma pequena parte do percurso. Era um caminho circular com um total de 9,11 quilómetros.
O percurso Consdorf – Müllerthal – Consdorf
Ao se iniciar o trilho, somos imediatamente abraçados por árvores. Facilmente acreditaríamos que estávamos numa floresta encantada, embora o leve ruído dos carros nos traga para a realidade.
Apenas um caminho mostra sinais de passagem de pessoas. O resto, permanece intocado. É como se nenhum ser humano se tivesse atrevido a cruzar para além do percurso demarcado.
A dada altura, surgem umas curiosas formações rochosas. Palavras como Goldfralay, Eulenburg, Goldkaul vão aparecendo, pintadas nas rochas. Representam os nomes destas formações, que tanto me fascinaram.
Estas formações rochosas tão diferentes são de arenito, e foram outrora o fundo de um mar. Incrivelmente, entre 250 e 200 milhões de anos atrás, aquele local era o leito do oceano.
Mais à frente, uma das pinturas na rocha dizia “Entrée”, juntamente com uma seta a apontar para o interior, um lugar escuro e sem grande visibilidade. Entrámos.
O caminho é bem estreito, não passa de uma pequena fenda entre duas grandes paredes de rocha. Liguei a lanterna do telemóvel, na tentativa de ver alguma coisa. O pequeno caminho termina numa clareira, também ela de reduzidas dimensões.
Olho para o lado e dou um salto. Uma cobra! Não, afinal era apenas um tronco. Acho que a minha imaginação me anda a pregar partidas. Olho para o outro lado e vejo umas “escadas”. Na verdade, são apenas rochas colocadas em formato de escadas. Mas servem o seu propósito. Subimos, claro. Lá de cima, conseguimos perceber o nome que viramos à entrada da rocha: Bellevue. Bela vista.
O regresso
Ao chegarmos a uma pequena cascata, não foi fácil perceber qual seria o caminho, pois ali é um ponto de cruzamento de várias partes do trilho. As indicações não estavam muito claras, e havia algumas secções cortadas para manutenção. Para além disso, os desvios não eram fáceis de perceber.
Após algumas voltas, acabámos por seguir uma das direcções. Ainda tentámos perceber, pelo GPS, se era o caminho certo, mas sem grande sucesso. Fomos, devia ser por ali.
Começámos a andar em passo mais acelerado, porque não tínhamos a certeza se seria mesmo aquele o caminho e havia um autocarro para apanhar. O autocarro iria-nos levar de volta à cidade do Luxemburgo, de onde seguiríamos até ao aeroporto. Ou seja, não havia muito tempo para atrasos.
O percurso em si não é difícil, mas a velocidade com que o fizemos aumentou consideravelmente a dificuldade. Fizemos os últimos quilómetros em passo rápido, embora sem ser a correr. Será que iríamos chegar a tempo? Conseguiríamos apanhar o autocarro? Mas afinal quantos quilómetros é que faltam? Estamos muito longe? Vamos, vamos, toca a andar!
Eu sou óptima em terreno plano e em descidas, mas a subir a minha velocidade cai para menos de metade. Depois de alguns quilómetros, surgiu o derradeiro desafio. Uma escadaria que fiz muito lentamente, e onde quase que tive de ser empurrada (ou puxada).
Estávamos novamente no ponto de partida! Será que tínhamos chegado a tempo? É melhor confirmar o horário na paragem do autocarro. Ora vamos ver… São 12h30… Há autocarro às 12h59! Afinal, podíamos ter ido mais lentamente. Acabámos por ter de esperar.
Guia prático
Como chegar
Para quem não alugou carro (como foi o nosso caso), é necessário apanhar o autocarro 111, que parte da estação Luxembourg Gare Central. O autocarro vai em direcção a Echternach, e deve-se sair em Consdorf Post. A viagem dura 42 minutos.
Em Consdorf Post, é preciso percorrer cerca de 950 metros até ao início do trilho, junto ao parque de estacionamento da Rue du Müllerthal e a Rue Buurgkapp. Com o parque de estacionamento do lado direito, é só seguir o início de trilho que se encontra um pouco mais à frente.
Deixo aqui o percurso de Consdorf Post até ao parque de estacionamento.
Dicas
★ Leva roupa e calçado confortáveis, de preferência de caminhada.
★ Se fores no outono ou no inverno, veste-te em camadas. No início pode estar frio, mas vais aquecer bastante com a caminhada.
★ Não te esqueças de levar água e comida. Há alguns caixote do lixo ao longo do percurso. De qualquer das formas, se não os encontrares, se a embalagem foi contigo, também volta contigo, não é?
Informação útil
★ Dificuldade: Média
★ Tipo de percurso: Circular
★ Extensão: 9,1 quilómetros
★ Ganho de elevação: 137 metros
★ Tempo médio: 3h00/3h30
★ Percurso sinalizado
Mapa do percurso
Alojamento
Aquando da minha estadia no Luxemburgo, fiquei alojada no ibis Styles Luxembourg Centre Gare. Está muito bem localizado, bem perto da estação central (tanto de autocarros como de comboios), e tem tudo o que se pode encontrar noutros hotéis da mesma rede. O pequeno-almoço está incluído.
Comparativamente a outras capitais europeias, a cidade do Luxemburgo tem poucas opções de alojamento. Ainda assim, são mais de 100 locais por onde escolher, para diferentes orçamentos. De certeza que vais encontrar algum para ti!
Alojamento na cidade do Luxemburgo

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