Ulaanbaatar: os contrastes da capital da Mongólia

Início » Ásia » Mongólia » Ulaanbaatar: os contrastes da capital da Mongólia

Ulaanbaatar (Улаанбаатар), capital da Mongólia, é uma cidade curiosa. Tem características muito interessantes, que a tornam diferente de todas as cidades que conheci até agora. Possuindo uma arquitectura inesperada, é uma capital surpreendente (embora estranha e talvez até bizarra, num primeiro olhar).

A cidade foi fundada em 1639, sendo então conhecida como Ikh Khüree (Их Хүрээ) e encontrando-se a 400 quilómetros da sua localização actual. Na altura, Ikh Khüree era um centro monástico budista nómada, o que significa que a sua localização mudava. Na verdade, a cidade mudou de sítio nada mais nada menos do que 28 vezes!

Finalmente, em 1778, a cidade lá se estabeleceu na sua actual localização, no centro-norte da Mongólia. No entanto, as mudanças não se ficaram por aí. Apesar de a geografia se manter, o nome da cidade alterou-se algumas vezes. Depois de Ikh Khüree, foi baptizada de Niĭslel Khüree (Нийслэл Хүрээ) em 1911. Nos idiomas ocidentais, sempre prontos a tornar familiares línguas desconhecidas, a cidade era referida como Urga (do mongol Örgöö, Өргөө). Foi só em 1924, quando se criou a República Popular da Mongólia, que a cidade passou a chamar-se Ulaanbaatar.

No século XX, Ulaanbaatar teve um grande crescimento. É aqui que se encontra 45% da população mongol, sendo que os restantes 55% vivem essencialmente espalhados pelo país. A maioria da população que mora fora da capital é nómada e vive em gers (tendas circulares, cobertas por feltro ou lã) ao longo de bonitas planícies e montanhas.

Devido à sua aproximação à URSS, muita da construção que se encontra no centro da cidade é em estilo soviético. No entanto, nos últimos anos alguns dos bairros residenciais passaram a abrigar novos edifícios, modificando drasticamente a paisagem urbana. O que vemos hoje em dia é uma mistura de prédios soviéticos com edifícios extremamente modernos, todos em vidro.

Para além desta realidade arquitectural discrepante, é ainda possível encontrar, quase que camuflados entre os prédios, alguns templos budistas. Apesar da cidade ter sido, em tempos, um centro monástico budista, apenas um pequeno número de edifícios religiosos sobreviveu ao regime comunista instaurado em 1925.

Como se essa amálgama não fosse suficiente, com prédios modernos a entrelaçarem-se com edifícios soviéticos e templos budistas, ainda se misturam bairros repletos de gers. Sim, as tais tendas típicas da população nómada.

Ulaanbaatar é, para mim, uma cidade um pouco esquizofrénica. Mas é exactamente nessa esquizofrenia que reside o seu encanto. Espero que continue assim, com todos os seus elementos contrastantes.

Este artigo pode conter links afiliados.

 

Deixa um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

4 comentários